06/02/2013

Amazônia boliviana


Llanos de Moxos, na Amazônia boliviana, considerada a maior área úmida do mundo, foi incluída na lista de áreas prioritárias pela comunidade internacional que recomenda medidas de conservação da área. A decisão foi anunciada pelo grupo de mais de 150 países signatários da Convenção sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional.

Com esse “tombamento da região”, que ocupa quase 7 milhões de hectares, os países pretendem afastar ameaças que poderiam impactar outros territórios, como desvio de fluxos de água em função de construções de estradas ou da pecuária extensiva e plantações de soja, por exemplo.
Especialistas defendem que áreas como Llanos de Moxos são capazes de evitar inundações, manter vazões mínimas nos rios durante a estação seca e regular o ciclo hidrológico da região. Líder da Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF, Claudio Maretti, engrossa o coro do grupo que garante que a conservação das áreas asseguram o bom funcionamento de todo bioma amazônico, que abrange nove países.
– São áreas úmidas da Amazônia, como mini pantanais, e essas águas escoam para o Brasil também. A sanidade desses cursos da água e dos serviços ecológicos que oferecem, beneficia as áreas brasileiras em termos de produtividade pesqueira e estabilidade de ecossistemas e até da produção hidrelétrica – explicou Maretti.
Outra bandeira levantada pelos que defendem a implantação de políticas de uso sustentável nessas áreas é a de que, com a articulação de medidas de conservação com atividades econômicas, as unidades são capazes de regular, inclusive, o clima. “Funciona como uma espécie de ar condicionado, resfriando o clima pela umidade que faz circular, gerando chuvas no centro sul da América do Sul, como na região do bioma Cerrado, São Paulo e mesmo de outros países como o Paraguai”, disse.
A decisão, entretanto, não cria obrigações administrativas para os países ou, especificamente, para o governo boliviano.

PETROBRÁS: a última trincheira?



A presidente da Petrobrás, Graça Foster, reconheceu ontem que 2012 "foi difícil" e que "2013 vai ser muito mais difícil ainda". Os termos mais adequados seriam: 2012 foi desastroso e o primeiro semestre de 2013 será pior ainda.
No início de 2012, quando Graça assumiu, disse que a administração anterior era a culpada pelo caos e tomou várias providências (entre elas assinar vários contratos superfaturados onde o beneficiário era seu esposo) e garantiu que, em 2012, a saúde da empresa seria restabelecida.
 Em pouco mais de um mês, a Petrobrás acumulou uma perda de R$ 30 bilhões em seu valor de mercado na Bolsa. A companhia encerrou o pregão com valor de R$ 224,8 bilhões, abaixo, portanto, do valor da empresa antes da megacapitalização de 2010.
Não é novidade que os sucessivos governos PTistas  tem feito política de controle da inflação à custa do caixa da Petrobrás com rombos que chegam a ser maiores do que o  lucro anual.
Um megaprodutor de petróleo como o Brasil, importou derivados para suprir a demanda interna e  pagou preços altos no mercado internacional, vendendo a preços mais baixos para garantir o controle da inflação (ao invés de administrar mais corretamente o caixa do governo federal). Os recentes reajustes da gasolina (6,6%) e diesel (5,4%) ficaram distanciados dos valores ideais para que a estatal repasse dentro do País os preços integrais pagos no exterior. Para Graça, o aumento propiciará uma "melhoria de caixa", mas "não o suficiente para dar o conforto da paridade" de preços.
Graça Foster, conhecida nos corredores da Petrobrás como Maria Caveirão.
Outro problema que diminui as expectativas de melhora é a queda de produção em 2012 (a meta de 2,022 milhões de barris/dia, será mantida, embora não tenha sido alcançada) não se deve só ao esgotamento de poços no pós-sal (Bacia de Campos) e a atrasos no desenvolvimento de outros, mas também à perda de eficiência operacional da empresa. Embora seis sistemas devam começar a operar em 2013, Graça avisa que não se pode contar com aumento de produção, devido à paralisação para reparos técnicos.

05/02/2013

Plano de reestruturação de carreira de docente federal é um retrocesso para o país


A nova lei desestimula a pós-graduação, as pesquisas universitárias e o interesse de grandes talentos pela profissão
O novo Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal - aprovado pela presidente Dilma Rousseff  "no apagar das luzes" de 2012, em 31 de dezembro - representa um retrocesso para o país. A avaliação é de especialistas e acadêmicos que se mostram surpresos com a velocidade "meteórica" com que a matéria tramitou no Congresso Nacional.
No entender do cientista Walter Colli, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a nova lei desestimula a pós-graduação, as pesquisas universitárias e o interesse de grandes talentos pela profissão. Isso porque a promoção para a categoria de professor titular "valoriza em demasia a progressão temporal" em detrimento do mérito acadêmico e científico.
Em meio à tramitação do projeto na Câmara e no Senado Federal,  a SBPC e ABC encaminharam, no fim de 2012, um manifesto aos parlamentares alertando sobre os riscos que o PL acarretaria à carreira dos professores de universidades públicas federais. Mesmo assim, a tramitação da matéria surpreendeu cientistas que depositavam na presidente Dilma a expectativa de vetá-lo.
 "Foram detectados aspectos que poderão trazer graves dificuldades, problemas e, por que não dizer, retrocesso, para as Universidades Federais Brasileiras, principalmente no que tange a qualidade da Pesquisa e do Ensino de Graduação e Pós-Graduação", destaca a nota (disponível em http://www.sbpcnet.org.br/site/busca/mostra.php?id=1800) assinada pela presidente da SBPC, Helena Nader, e pelo presidente da ABC, Jacob Palis.
O Ministério da Educação, por intermédio da assessoria de comunicação, informa que o novo Plano tem por objetivo "buscar a valorização da dedicação exclusiva", igualmente a titulação dos docentes, embora acadêmicos e cientistas afirmem o contrário. 
A lei estabelece cinco etapas na carreira do magistério federal - professor auxiliar, assistente, adjunto, associado e titular - que devem ser conquistadas por concurso público exigindo apenas o diploma de graduação. Hoje para ingressar no magistério da USP (estadual), por exemplo, o professor tem de ser portador do título de doutor. Assim também era para as universidades federais, até a promulgação dessa nova Lei.
 "Para exemplificar, no meu caso, cheguei ao cargo de professor titular na USP, mas se quisesse fazer parte do corpo docente regular de uma universidade federal teria de prestar concurso para professor auxiliar, na base do novo sistema e lá ficar por três anos, pelo menos. No entanto, como obtive o título de doutor há mais de 20 anos posso entrar para uma nova categoria denominada com o estranho nome de Cargo Isolado de Professor Titular-Livre do Magistério Superior", analisa o cientista.
 Diante do novo modelo, o mesmo resultado não será obtido por um grande cientista que tenha o título de doutor há menos de 20 anos, já que ele terá de recomeçar sua carreira da base.
"Para aspirar subir um pouco mais, ser um professor assistente, ele teria de esperar um intervalo de dois anos", exemplifica Colli, ex-presidente da CTNBio , também atual Segundo Tesoureiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Esse tipo de escalonamento, segundo Colli, afasta os melhores talentos das universidades públicas federais.
Com a mesma opinião, a professora associada do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Debora Foguel, destaca que, no modelo anterior, a posição de professor titular na universidade pública federal era alcançada por um novo concurso, avaliado por uma banca altamente qualificada.
 "Somente os professores com grande mérito acadêmico com destacada contribuição na pesquisa alcançavam tal nível diferenciado", lamenta Debora, pro-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da mesma universidade e membro titular da ABC.
 "Certamente quem o redigiu parece desconhecer o ambiente universitário, a pesquisa e a inovação que temos procurado trazer para dentro de nossas universidades", salienta a pesquisadora.
Impacto nas pesquisas - Para Colli, exigir apenas o título de graduação no inicio da carreira de magistério reduz a importância da pós-graduação no Brasil e, por tabela, as pesquisas universitárias que hoje respondem pela maioria das pesquisas científicas nacionais.  Dessa forma, ele vê necessidade de mudanças na Lei, sobretudo no artigo 8º  propondo que o ingresso na carreira do magistério superior seja realizado por concurso público de vários níveis. Isto é, para a categoria de professor auxiliar exigindo diploma de graduação; para a de professor assistente com a exigência de títulos de mestre; e a professores adjunto e associado para pessoas com nível de doutor.
 "Assim, seria possível atrair pessoas melhores para os concursos, valorizando a nossa pós-graduação", disse.
 Com a nova Lei, Colli acredita que a universidade pública se aproxima das universidades privadas que não exigem, pelo menos a maioria delas, o título de mestre ou de doutor para lecionar, pagando, assim, salários relativamente menores.
 Retrocesso no número de doutores -  Na avaliação de Débora, o novo plano de carreira do magistério federal tende a retardar a chegada do Brasil no time dos países que apresentam relação de doutores por número de habitantes mais justa.
 No Brasil, o número de portadores de títulos de doutorado proporcionalmente ao número de habitantes é um dos mais baixos do mundo. Conforme consta do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) de 2011 a 2020, existem no país 1,4 doutores titulados por cada mil habitantes na faixa etária entre 25 e 64 anos, na frente apenas da Argentina, com 0,2 doutores, na mesma comparação. O número brasileiro fica aquém do observado em países desenvolvidos como Suíça, no topo do ranking, com 23 doutores em um universo de mil habitantes; Alemanha, com 15,4; e Estados Unidos, com 8,4.
Evitando entrar no mérito do novo plano de carreira do magistério, o assessor da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco ) no Brasil, o professor Célio da Cunha, considera  baixo o número de doutores no Brasil em relação ao de habitantes. O ideal, analisa, seria o Brasil se aproximar dos Estados Unidos, titulando cinco a seis doutores por mil habitantes.
Inconstitucionalidade  - Colli define o novo Plano como "concentrador e paternalista" por atribuir ao Ministério da Educação (MEC) a prerrogativa de avaliar os cursos e os critérios de promoção dos docentes, contrariando o artigo 207 da Constituição Federal que concede autonomia às  universidades do ponto de vista didático e administrativo.
"Se diluem todos os ganhos que tivemos até agora com a pós-graduação e com a experiência das universidades no aperfeiçoamento das avaliações de mérito", lamenta Colli.

(Viviane Monteiro, Jornal da Ciência)

Tatuagem


Making of 16


03/02/2013

Recifes artificiais


Bruno Deiro - O Estado de S.Paulo
O maior projeto de recifes artificiais em atividade no País retomou em janeiro o lançamento de blocos de concreto na costa do Paraná. Após atrair espécies ameaçadas de peixes como o mero e revigorar a pesca artesanal da região, o Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar), implementado há um ano e meio, vai dobrar sua estrutura até o fim de março ao lançar no fundo do mar um total de 2.560 blocos, a 4,2 km das praias do Pontal do Paraná.
O projeto, da Associação MarBrasil, tem como objetivo principal a conservação e o incentivo à reprodução de espécies locais, mas serve também como fonte de estudos para a Universidade Federal do Paraná (UFPR), corresponsável pela implantação.
Em 2011, em uma área de quase 12 quilômetros quadrados, foram colocados 120 blocos de concreto, ao longo de dez pontos, para a formação dos recifes artificiais. Segundo o zoólogo Ariel Scheffer, presidente da Associação MarBrasil, um dos motivos para o uso do concreto é que, além de não liberar metais pesados, dá a chance de moldar a estrutura conforme as necessidades.
"A estrutura dos recifes tem de ser robusta para não se esfarelar no mar", explica o pesquisador. "E com seis meses de imersão ou menos, o pH fica igual ao da água."
Desde que os primeiros blocos foram lançados, cerca de 80 espécies de organismos já se integraram às estruturas subaquáticas - dessas, 20 são tipos diferentes de peixes. O mais raro é o mero, cuja proibição de caça no País foi prorrogada no fim do ano passado por mais três anos.
"Tivemos o retorno do mero em grande quantidade, a partir da instalação do recife, e hoje é possível ver muitos filhotes em diversos pontos", diz Scheffer. "A população de garoupas, que também está sendo bastante impactada na costa brasileira, é outra que está crescendo."
As estruturas também combatem a degradação causada pela pesca de arrasto, inibindo o uso de redes.
Com o aumento na quantidade de peixes, o projeto beneficia diretamente cerca de 200 pescadores artesanais que atuam na região próxima à Baía do Paranaguá e tem atraído até mesmo comunidades vizinhas. Segundo os idealizadores, há possibilidade de expandir o projeto caso surjam novas demandas - há conversas com representantes de Matinhos, uma cidade próxima.
Legislação
O projeto no Paraná é o primeiro a ser licenciado pelo Ibama desde a regulamentação, em 2008 - até então, as autorizações eram obtidas em caráter especial. Segundo o órgão ambiental, estão abertos 13 processos para implementação ou regularização de recifes semelhantes ao longo de todo o litoral, mas somente quatro estão efetivamente em atividade.
Segundo ele, a colocação de recifes artificiais com foco na conservação pode se multiplicar na costa brasileira com a regulamentação e os exemplos bem-sucedidos. "O modelo se mostrou bastante viável, pois os recifes atraem a mesma biodiversidade da região e simulam o ambiente natural. É um projeto que pode ser multiplicado." 

Serge Marshennikov



Paisagem subaquática 03


02/02/2013

Dr.House & Mr. Bean



Hugh Laurie  and  Rowan Atkinson

Things that might have been

Penso nas coisas que poderiam ter sido e não foram.
O tratado de mitologia saxônica que Beda não escreveu.
A obra inconcebível que Dante porventura vislumbrou,
Já corrigido o último verso da Comédia.
A história sem a tarde da cruz e a tarde da cicuta.
A história sem o rosto de Helena.
O homem sem os olhos, que nos ofereceu a lua.
Nos três dias de Gettysburg, a vitória do sul.
O amor que não compartilhamos.
O amplo império que os vikings não quiseram fundar.
O orbe sem a roda ou sem a rosa.
O julgamento de Donne sobre Shakespeare.
O outro corno do unicórnio.
A ave fabulosa da Irlanda, que está em dois lugares ao mesmo tempo.
O filho que não tive.

 Jorge Luis Borges.

Degas


Woman In A Blue Dressing Gown

01/02/2013

Lisa

Linda!!

Sábio

"A perda do Congresso para o ramo dos secos e molhados 

é uma dolorosa ferida em nossa jovem democracia."


Fernando Gabeira 

(a propósito da eleição de Renan como 

presidente do senado)

Einstein não seria top Brasil




Na primeira parte da entrevista, o cientista Miguel Nicolelis relata os problemas burocráticos que encontrou quando fez graduação e doutorado em Medicina na USP, nos anos 1980. Diz que o Brasil melhorou de lá para cá, mas a estrutura engessada da academia brasileira ainda é muito refratária à boa prática científica. Não há mais espaço para o mestrado, acredita. E critica o atual sistema do CNPq, que prioriza a quantidade e não qualidade dos trabalhos. “Einstein só teve cinco teses até 1905. Assim não seria considerado um pesquisador top no CNPq”, diz.