28/02/2013

O Bando de Teatro Olodum


O BANDO

Com 20 anos ininterruptos de atuação, o Bando de Teatro Olodum já faz parte da história do teatro baiano. Nascido no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, a companhia é considerada a mais consolidada do atual cenário teatral baiano. É uma das poucas a manter um corpo estável, com elenco, diretores e técnicos. Em sua trajetória, o Bando construiu e consolidou uma dramaturgia e estética próprias, tendo o negro e sua tradição sociocultural como matéria-prima de seus espetáculos.



Elenco:
Arlete Dias, Auristela Sá, Cássia Valle, Cell Dantas, Clésia Nogueira, Ednaldo Muniz, Elane Nascimento, Érico Brás, Fabio Santana, Geremias Mendes, Jamile Alves, Jorge Washington, Leno Sacramento, Marry Batista, Rejane Maia, Ridson Reis, S.L. Laurentino, Telma Souza e Valdinéia Soriano. 

Fine art nude

Sacha Zaliouk

24/02/2013

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças



Assisti ontem à noite o filme Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004 - Eternal Sunshine of the Spotless Mind - Dir: Michel Gondry). Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que tentou fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa.
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, de 2004, com roteiro de Charlie Kaufman (que também escreveu Quero Ser John Malkovich) tem como protagonistas Jim Carrey e Kate Winslet, um flerte com o bizarro e o surpreendente, navegando entre a psicose e a impossível viagem no tempo (se fosse um filme sobre viajar no tempo, seria um dos melhores que já assisti).
Não gosto das caras e bocas e da falta de graça do Jim Carrey, mas nesse filme seu personagem está bem introspectivo e sério (para mim foi a sua melhor atuação; em segundo Me, Myself and Irene)
O filme é na verdade uma grande declaração de amor e se passa quase que inteiramente na mente de Joel Barish, personagem de Jim Carrey. O inusitado da trama é a possibilidade real de que pessoas possam simplesmente apagar da memória as lembranças que quiserem. O que termina acontecendo com Joel, que decide eliminar as lembranças de sua namorada, Clementine (Kate Winslet), após terem uma briga e descobrir por acaso que ela o apagara de suas memórias. Se de início as lembranças apenas se repetem, aos poucos o próprio Joel toma consciência de que não quer perder aquelas lembranças que, se hoje são dolorosas por não ter mais Clementine ao seu lado, fazem parte de sua própria história, de algo belo que viveu. Tem início então a luta de Joel para manter vivo não o amor, mas a lembrança de que um dia ele existiu.
Já aviso que o filme não é um dramalhão. Pelo contrário, a descoberta da importância de manter vivas estas memórias é feita de forma sutil e no decorrer do próprio filme.
Vale destacar a cena de abertura do filme, em que Joel e Clementine se vêem na praia e, logo depois, conversam no trem. Simples, cativante e com uma trilha sonora inusitada que, até por causa disso, dá um charme a mais. Brilho Eterno... possui uma grande quantidade de cenas surpreendentes, utilizando a situação de Joel estar em sua própria mente. Porém, mais do que todas estas cenas, o mais importante do filme é a mensagem que ele passa sobre amar e lembrar do que foi vivido, sejam eles bons ou maus momentos. Dizer mais seria estragar a grata surpresa que ele é. Excelente filme.

Fine Art Nude

Ron Hicks

22/02/2013

Making of 18


Índia gasta US$ 1 bi para sanar problema





PATRÍCIA CAMPOS MELLO – Folha de São Paulo
Nada de estádios grandiosos ou aeroportos. O grande programa de infraestrutura da Índia tem como objetivo construir 15 milhões de privadas por ano.
Na Índia, mais de 60% da população não tem privada. São mais de 600 milhões de pessoas que fazem suas necessidades ao ar livre, no mato, ou, quando moram em cidades, usam um cubículo na casa --limpo manualmente por pessoas de castas inferiores.
"Nosso maior desafio é tornar a Índia livre de defecação ao ar livre ", disse à Folha Jairam Ramesh, ministro do Desenvolvimento Rural da Índia. "Nossa meta é conseguir eliminar o problema em dez anos", acrescentou.
Para isso, o governo está gastando US$ 1 bilhão por ano para construir privadas e rede de esgotos e também dá US$ 200 às famílias pobres que queiram construir instalações sanitárias em suas casas.
Cerca de 400 mil crianças indianas morrem todos os anos de diarreia, consequência de falta de higiene e de esgoto. A falta de privadas é ainda questão de segurança: muitas mulheres são atacadas enquanto fazem suas necessidades no mato.
"Há muito mais conscientização hoje em dia. As mulheres não aceitam mais se casar quando a casa de seus sogros (onde a maioria vai morar) não tem privada", afirma o ministro.
As privadas nas casas pobres são diferentes das ocidentais --são um buraco no chão de louça, ligado ao encanamento, e não se usa papel higiênico, apenas água.
Com a "ofensiva das privadas", o governo quer também acabar com os chamados "manual scavengers" --indivíduos de castas mais baixas que, há séculos, se dedicam à tarefa insalubre de limpar, com uma escova, os excrementos das pessoas que não têm privada, coletar em carrinhos e jogar em lugares afastados dos vilarejos.
Em troca, recebem menos de um dólar ou um prato de comida. "Há mais templos neste país do que privadas", chegou a dizer Ramesh.


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Kristan Le

Medo



21/02/2013

Fine Art Nude

Ernst Liebermann

Absolute beauty


A iconografia e a verdade



A iconografia totalitária e cafona do petismo 
nos seus 10 anos de mistificação
 Por Reinaldo Azevedo

Vejam esta imagem:


Prestem atenção aos detalhes. Ainda voltaremos a ela. Antes, algumas considerações prévias. O PT começa a distribuir nesta quarta-feira a seus militantes um livrinho de 15 páginas com as conquistas ditas “gloriosas” do partido nestes 10 anos. O padrão de comparação é o governo FHC. Os petistas, claro!, dizem que tudo, sob a sua gestão, foi melhor. Na verdade, passam a impressão de que o Brasil foi criado há dez anos. No princípio, era o caos, depois veio Lula — e só então a luz… Aí se criaram o céu, a terra, o mar, os passarinhos e Dilma Rousseff. Sobre mensaleiros, aloprados e peculatários, nada! Compreensível. Sabem como é… Até no mundo criado por Deus, o rival menor de Lula, existem ratos, sapos e baratas, mas que têm o seu lugar na ordem das coisas…
O PT vai se aproveitar, como é próprio aos de sua estirpe e àqueles que comungam de seu pensamento, para elencar algumas verdades que remetem a mentiras monumentais. Mas também há mentiras monumentais em si mesmas, como esta:
Enquanto o salário médio dos trabalhadores caiu, aumentou a derrama contínua de recursos públicos para os segmentos mais ricos e enriquecidos por uma dívida em expansão e por taxas reais de juros incomparáveis internacionalmente”.
Houve uma forte recuperação do valor real do salário mínimo no governo FHC, e o rendimento médio do trabalhador, com o fim da inflação, subiu em vez de cair. De fato, o Brasil pagou “juros incomparáveis internacionalmente” durante a gestão tucana, mas também durante a gestão petista. Nos oito anos de governo Lula, o país teve a maior taxa de juros reais do mundo — e é uma das maiores ainda hoje. Foi Lula mesmo quem lembrou que os bancos, por exemplo, nunca ganharam tanto como em sua gestão. Estava falando a verdade nesse caso.
Já expliquei o que existe de picaretagem essencial nesse tipo de abordagem. Lula chegou ao governo com o setor financeiro saneado, sem risco de quebradeira dos bancos (essencial para enfrentar a grande crise), com a inflação domesticada e com algumas reformas feitas, que devolveram o Brasil ao mercado. Sem os investimentos em telefonia, por exemplo — que chegaram por causa da privatização —, teríamos ido à breca. O PT era contra. Como era contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Teremos muitas outras oportunidades de voltar a essas mistificações. Meu ponto agora é outro.
Volto à imagem lá do alto. É a capa do tal livrinho que será distribuído aos petistas. Essa estética cafona e autoritária tem história. Já foi empregada no Brasil durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, o ditador protofascista que caiu nas graças dos intelectuais de esquerda — o que é compreensível. O fascismo, no fim das contas, é de esquerda mesmo, já demonstrei aqui algumas vezes.



Mas foram os comunistas que elevaram esse tipo de mistificação à condição de uma estética. Conscientemente ou não, quem trabalhou a foto de Lula, agora só de bigode, o deixou muito próximo daquele bom Stalin, o que matava 40 milhões com ar de quem oferecia pirulitos às crianças. Lula, que eu saiba, não matou ninguém, a não ser a verdade.


Foram os anos da Revolução Cultural na China, cuja fase mais aguda e violenta se deu entre 1966 e 1969, que inundaram o mundo com essa estética asquerosa, do “bom líder” que esmaga o seu povo. Coincidiu com um momento de efervescência da cultura pop e atraiu intelectuais do miolo mole mundo afora.
Notem que, invariavelmente, os bons ditadores tem seus olhos postos no futuro, num horizonte que só eles divisam. E assim é, entre outros motivos, porque se elevam muito acima do povo, que eles conduzem. Afinal, um eram chamados “führer” (Hitler), “duce” (Mussolini), “O Grande Timoneiro” (Mao); “O Guia Genial dos Povos” (Stalin) e “O Grande Líder” (Kim il Sung). O Brasil teve “O Pai dos Pobres” (Getúlio), o “Grande Companheiro” (Lula) e agora a “Mãe dos Pobres” (Dilma).



Em qualquer dos casos, o povo é reduzido à minoridade. Não está à altura daqueles que o conduzem com olhos visionários. Seu papel é erguer as mãos para o alto e sorrir de satisfação.
A iconografia apenas reproduz o pensamento detestável de todos eles.
Voltem lá ao alto e fixem de novo a imagem de Lula. Agora vejam esta imagem famosa de Stalin, que era objeto de culto.



Quem trabalhou a imagem do Apedeuta tentou forçar a semelhança? Nessas coisas, pouco importa a intenção. O que importa é a filiação das ideias, ainda que, às vezes, involuntária. De toda sorte, autoritarismo no PT é sempre voluntário. Pode até acontecer de eles apostarem na democracia, mas ou será sem querer ou será por motivos puramente táticos. O livrinho do partido, diga-se, nada mais é do que uma adulteração da história, dos fatos. O carniceiro da foto acima, vocês devem saber, mandava mudar até as fotografias. À medida que ele ia matando às pessoas, dava ordem para que os homens do regime as apagassem também da história. O PT é um exímio assassino e ressuscitador de reputações.

 Por Reinaldo Azevedo


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19/02/2013

Caminhos cruzados


Talvez uma tentativa tola de desmistificar a ojeriza que alguns tem à bossa-nova (ou aos intérpretes que usam os tiques característicos da batida). 
Relendo o livro do Caetano Veloso doze anos após a primeira leitura, encontrei alguns parágrafos esclarecedores e, tirando alguns fatos que julguei desimportantes, alinhavei alguns trechos que julguei relevantes para uma audição isenta desse belo momento da música brasileira.
As gravações citadas pelo Caetano e mais algumas que achei interessantes pois não acho que sejam dispensáveis; vale a pena prestar atenção ao arranjo de cordas na gravação do João Gilberto, meio canção-norte-americana-da-década-de-40, de autoria do alemão Klaus Ogerman (ou: como um quase-bolero, vira um grande samba).

Escreve Caetano Veloso:
" ... há, entre as mais belas melodias que a cantora Maysa - uma linda mulher de dezoito anos e selvagens olhos verdes que, com sua voz rouca, transformou-se da noite para o dia, de jovem senhora da alta sociedade paulista, em fetiche do mundo boêmio - gravou, uma composição de Tom Jobim e Newton Mendonça da fase pré bossa-nova, um autêntico samba-canção chamado ´Caminhos cruzados`, que João Gilberto veio a regravar anos depois. É útil comparar essas duas gravações para entender o significado do gesto fundamental da invenção da bossa-nova ... a interpretação de João é mais introspectiva que a da Maysa e também violentamente menos dramática; mas, se na gravação dela os elementos essenciais do ritmo original do samba foram lançados ao esquecimento quase total pela concepção do arranjo e, sobretudo, pelas inflexões do fraseado, na dele chega-se a ouvir - com o ouvido interior - o surdão de um bloco de rua batendo com descansada regularidade de ponta a ponta da canção. É uma aula de como o samba pode estar inteiro mesmo nas suas formas mais aparentemente descaracterizadas; um modo de, radicalizando o refinamento, reencontrar a mão do primeiro preto batendo no couro do primeiro atabaque no nascedouro do samba ... essa gravação me mostrou o samba-samba que estava escondido num samba-canção que, se não fosse por ele, ia fingir para todo o sempre que era só uma balada ..."  (Veloso, Caetano.Verdade Tropical. São Paulo. Ed. Companhia das Letras. 1997, p.39-40)



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17/02/2013

Marina Silva


Marina Silva, do Meio Ambiente, mistura religião e ciência e defende o ensino do criacionismo.
THOMAS TRAUMANN - Revista ÉPOCA

A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, teve um dos cargos mais espinhosos do país. O avanço assustador do desmatamento na Amazônia, a dificuldade em acabar com a corrupção no Ibama e o trabalho de liberação de obras com impacto ambiental são desafios desgastantes. Nos últimos dias, porém, Marina se meteu numa outra polêmica. Ao participar do 3º Simpósio sobre Criacionismo e Mídia, em São Paulo, ela equiparou o evolucionismo, a teoria mais aceita entre os cientistas para explicar a evolução da vida na Terra, ao criacionismo, a crença religiosa em que a vida foi criada por Deus exatamente como descreve a Bíblia. Depois, em entrevista a um blog de jovens adventistas, Marina – uma ex-candidata a freira que se tornou evangélica e é missionária da igreja Assembléia de Deus desde 2004 – defendeu o ensino nas escolas do criacionismo ao lado do evolucionismo.

O evolucionismo é a teoria elaborada pelo naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882). Ela postula que todos os seres vivos têm um ancestral comum, do qual derivaram todas as outras formas de vida por meio de um processo que envolveu, ao longo de bilhões de anos, mutações graduais e a seleção dos espécimes mais bem adaptados ao ambiente em que viviam. Diante das evidências de registros fósseis e das pesquisas genéticas, a comunidade científica aceita o evolucionismo como a melhor forma de descrever a história da vida na Terra. Eis o que afirmou a respeito o geneticista americano Francis Collins, um dos líderes do projeto Genoma Humano, que desvendou a estrutura dos nossos genes: “Como alguém que assistiu à emergência de nossa seqüência genética ao longo dos últimos anos e viu como ela é semelhante a de outras espécies, a evidência é avassaladoramente favorável a uma origem única da vida, em um processo perfeitamente consistente com a visão de Darwin”. Detalhe: Collins também é um religioso cristão. E ele afirma que o evolucionismo de Darwin é perfeitamente compatível com a crença em Deus.
Os defensores do criacionismo ou do “design inteligente” – sua versão moderna, difundida por grupos religiosos americanos – dizem que a teoria de Darwin é apenas uma “teoria” entre outras possíveis para explicar a origem da vida. Eles acreditam que apenas uma “força maior” seria capaz de criar seres tão complexos quanto o homem. Para cientistas como Collins, afirmar – como afirma a ministra Marina Silva – que o evolucionismo é uma “teoria” entre tantas outras é fazer uma perigosa confusão semântica. “Em ciência, uma teoria é uma coleção de observações reunidas numa visão consistente”, diz Collins. “A teoria eletromagnética é um exemplo. O termo ‘teoria’ não significa que ela ainda seja hipotética ou que não esteja correta. A biologia não faz quase sentido algum sem o evolucionismo para sustentá-la.”
Ao dar ao criacionismo o mesmo status do evolucionismo, Marina Silva comete uma perigosa confusão entre fé e ciência. “Marina Silva está pura e simplesmente errada ao dizer que não podemos explicar a natureza pela evolução darwiniana”, afirmou em seu blog o jornalista Marcelo Leite, especializado em ciência e meio ambiente. “Ela é a melhor explicação científica que existe. Nem a Bíblia nem o ‘design inteligente’ podem ser colocados no mesmo plano como conhecimento.”
Charles Darwin
Marina é um dos símbolos do governo Lula. Filha de seringueiros, ela foi semi-analfabeta até os 16 anos. Foi empregada doméstica, formou-se em História pela Universidade Federal do Acre e tornou-se a mais jovem senadora do país. É uma ambientalista respeitada e, por seu trabalho à frente do Ministério do Meio Ambiente, o jornal britânico The Guardian a incluiu na lista das 50 personalidades que podem salvar o planeta de catástrofes ambientais provocadas pelo aquecimento global.
No debate com os criacionistas, Marina afirmou que há um conjunto de preceitos bíblicos de proteção à natureza. Respondendo às perguntas do blog de jovens adventistas, Marina disse que “é impossível crer em Deus sem acreditar que Ele criou todas as coisas. E, se nós não sabemos explicar, não devemos ter a pretensão de dizer que elas não existem. A fé é crermos mesmo sem entender (sic). No espaço da fé, a ciência tem todo o acolhimento. Eu gostaria que a fé tivesse o mesmo acolhimento da ciência”. Depois, ela afirmou que “não há demérito” no ensino do criacionismo. As duas filhas mais novas da ministra estudam em colégios adventistas, que ensinam o criacionismo.
Na gestão de Marina, ela contratou o pastor Roberto Firmo Vieira, da Assembléia de Deus, como consultor do ministério, por intermédio de um contrato mantido com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Segundo o site Eco, Vieira usa a estrutura do ministério para cultos, alguns com a presença da ministra. Na semana passada, ÉPOCA procurou a ministra para ouvi-la. Por meio de sua assessoria, Marina informou que não falaria por problema de agenda. Informou também que viajou a São Paulo com as despesas pagas pela Assembléia de Deus. 

Paulo Leminski


sim
eu quis a prosa
essa deusa
só diz besteiras
fala das coisas
como se novas                                                        
não quis a prosa
apenas a ideia
uma ideia de prosa
em esperma de trova
um gozo
uma gosma
uma poesia porosa

A obra poética do curitibano Paulo Leminski (1944-1989) já foi associada à herança passadista dos românticos - no sentido de tentar unir vida e arte num só pacote - e à vanguarda concreta dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. No entanto, Leminski segue desafiando os teóricos. Trata-se de um poeta genuinamente mestiço, filho de pai polonês e mãe negra, sua obra, Toda Poesia, tem lançamento previsto para o dia 28 de fevereiro.
Seu primeiro livro, Caprichos & Relaxos (Editora Brasiliense, 1983), êxito editorial de Leminski, o tornou celebrado nos seis anos seguintes até sua morte.
A Brasiliense era a editora que abarcava a nova geração de autores brasileiros, publicando ainda "malditos" estrangeiros (de Radiguet a Bukowski, passando pelos autores da beat generation). Em 1983, quando saiu Caprichos & Relaxos, Leminski já tinha três livros de poesia publicados de forma independente e restritas ao mercado curitibano, os livros se empilhavam pela casa do poeta à espera de compradores, até que as novas edições pela editora paulistana chamaram a atenção de músicos populares, entre eles Caetano Veloso.


14/02/2013

Tatuagem


Noite no Matterhorn


Gigante adormecido eternamente em berço esplêndido


Lula perdeu a chance de acordar o gigante adormecido, com um sistema marcado pela discrição, pelo compadrio e pelo acesso a informações privilegiadas, dobrou-se à cartilha neoliberal usando como desculpa os fracassos das diversas tentativas, desde 1986 com o Plano Cruzado, de mudar definitivamente a economia nacional e tornar o país uma potência desenvolvida e independente.

Após alguns séculos de dependência político econômica, primeiro sofrendo exploração (simples território para exploração de metais preciosos e pau-brasil); segundo como parte da relação Metrópole/Colônia e, mesmo como país independente, simples fornecedor de matéria-prima para o desenvolvimento industrial dos centros políticos e econômicos mundiais; terceiro, já no século XX detentor da fatia de consumidores que começou a faltar aos grandes centros industrializados; em quarto, o Estado como absorvedor da poupança em dólares para um mercado ávido por aplicações especulativas e rentáveis após as sucessivas crises geradas pelos produtores de petróleo na década de 70; e, finalmente, em quinto a internacionalização do mercado brasileiro de títulos públicos e a abertura dos fluxos internacionais de capital, no final dos anos 90 que proporcionaram aos especuladores internacionais ganhos nunca imaginados.
A procura por um condutor das mudanças sempre prometidas, levou o Partido dos Trabalhadores ao posto mais alto da nação, eleito com a promessa de mudar o que está aí, junta-se às elites e abraça o projeto de FHC para a economia, um governo de esquerda alinhado com o que há de mais paternalista e corrupto na política desde o fim do governo militar (Sarney, Barbalho, Collor e agora Maluf), a promessa de voltar ao normal, à cartilha proposta pelo PT, nunca se concretizou, o programa Bolsa Família, principal ferramenta de manutenção do poder, distribui um parcos recursos àqueles que jamais conseguirão sair da periferia social, patinando quando se trata de aumentar as oportunidades de inclusão no mercado de trabalho e permite ao poder dar continuidade à política concentradora e excludente em voga, usando sua máscara de esquerdista que taxa qualquer crítica como vinda da direita que não quer mudanças.
Comparando os valores distribuídos pelo programa Bolsa Família (programa que inviabiliza as soluções pelo próprio caráter assistencialista) com o que o país paga de juros aos detentores de títulos da dívida pública, temos uma radiografia de quais interesses estão sendo realmente satisfeitos.
Com a continuação das privatizações, agora chamadas de concessões, com a entrega da previdência do funcionalismo público ao setor privado após criticas severas aos limites às aposentadorias propostos e implementados por FHC - Lula, Dilma e o PT galgam os degraus da lógica financeira que selam definitivamente a esperança de nos tornarmos um país desenvolvido e as promessas de modernidade.
Para informações mais completas leia no livro:
OLIVEIRA, FRANCISCO DE; BRAGA, RUY; RIZEK, CIBELE. Hegemonia às avessas. Boitempo, São Paulo, 2010.
CAPITALISMO FINANCEIRO, ESTADO DE EMERGÊNCIA ECONÔMICO E HEGEMONIA ÀS AVESSAS NO BRASIL – Leda Paulani (atual Secretária de Educação do Prefeito Fernando Haddad)
HEGEMONIA ÀS AVESSAS – Francisco de Oliveira (Fundador do Partido dos Trabalhadores)

08/02/2013

Making of 17


Relinchos e coices



Nelson Motta - O Estado de S.Paulo - 08/fev/2013
"Não podemos permitir que nossa palavra seja cerceada por aqueles que têm o monopólio da comunicação", bradou Zé Dirceu de punho cerrado, diante de 500 militantes, num salão de Brasília. E como soubemos disso? Pelo Estadão, O Globo, a Folha de S.Paulo, e vários jornais, sites, rádios e televisões que têm o monopólio da comunicação no Brasil. Êpa! Que monopólio de araque é esse com tantas empresas competindo num dos maiores mercados publicitários do mundo?

Hoje no Brasil a coisa mais fácil é criar um jornal, um site ou uma revista que apoie o governo incondicionalmente e o PT preferencialmente. Mais fácil ainda é conseguir patrocinadores entre estatais e órgãos públicos. Difícil é fazer um veículo de comunicação que tenha qualidade e credibilidade para ser consumido não só pela militância partidária, mas capaz de formar a opinião dos leitores pela força dos seus dados e argumentos. 

Não podemos permitir que o Zé Dirceu tente cercear a palavra da imprensa independente, que não depende de favores do governo e vive de anunciantes privados que pagam para divulgar e promover seus produtos e serviços nos veículos que atingem o maior público com mais credibilidade. Culpando o mensageiro pela mensagem, Dirceu insiste em "democratizar" a mídia.

Um dos relinchos mais estridentes nos blogs políticos é exigir que Dilma corte toda a publicidade estatal da TV Globo, por criticar o governo. Devem achar que a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobrás anunciam na Globo, que tem mais audiência do que todas as outras juntas, não por necessidade de competir no mercado, mas para comprar apoio. Para eles tudo na vida é mensalão.

Depois que a direção nacional do PT e Dilma rejeitaram a proposta de manifestações de massa em sua defesa, por inviáveis e inúteis, Dirceu agora diz que está defendendo o legado do governo Lula e suas grandes conquistas econômicas e sociais - como se uma boa administração legitimasse a compra de partidos e parlamentares para servir ao seu plano de poder. 

Como dizia a velha marchinha carnavalesca: "É ou não é/ piada de salão?/ se acha que não é/ então não conte não".

Como uma onda ...


06/02/2013

Amazônia boliviana


Llanos de Moxos, na Amazônia boliviana, considerada a maior área úmida do mundo, foi incluída na lista de áreas prioritárias pela comunidade internacional que recomenda medidas de conservação da área. A decisão foi anunciada pelo grupo de mais de 150 países signatários da Convenção sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional.

Com esse “tombamento da região”, que ocupa quase 7 milhões de hectares, os países pretendem afastar ameaças que poderiam impactar outros territórios, como desvio de fluxos de água em função de construções de estradas ou da pecuária extensiva e plantações de soja, por exemplo.
Especialistas defendem que áreas como Llanos de Moxos são capazes de evitar inundações, manter vazões mínimas nos rios durante a estação seca e regular o ciclo hidrológico da região. Líder da Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF, Claudio Maretti, engrossa o coro do grupo que garante que a conservação das áreas asseguram o bom funcionamento de todo bioma amazônico, que abrange nove países.
– São áreas úmidas da Amazônia, como mini pantanais, e essas águas escoam para o Brasil também. A sanidade desses cursos da água e dos serviços ecológicos que oferecem, beneficia as áreas brasileiras em termos de produtividade pesqueira e estabilidade de ecossistemas e até da produção hidrelétrica – explicou Maretti.
Outra bandeira levantada pelos que defendem a implantação de políticas de uso sustentável nessas áreas é a de que, com a articulação de medidas de conservação com atividades econômicas, as unidades são capazes de regular, inclusive, o clima. “Funciona como uma espécie de ar condicionado, resfriando o clima pela umidade que faz circular, gerando chuvas no centro sul da América do Sul, como na região do bioma Cerrado, São Paulo e mesmo de outros países como o Paraguai”, disse.
A decisão, entretanto, não cria obrigações administrativas para os países ou, especificamente, para o governo boliviano.

PETROBRÁS: a última trincheira?



A presidente da Petrobrás, Graça Foster, reconheceu ontem que 2012 "foi difícil" e que "2013 vai ser muito mais difícil ainda". Os termos mais adequados seriam: 2012 foi desastroso e o primeiro semestre de 2013 será pior ainda.
No início de 2012, quando Graça assumiu, disse que a administração anterior era a culpada pelo caos e tomou várias providências (entre elas assinar vários contratos superfaturados onde o beneficiário era seu esposo) e garantiu que, em 2012, a saúde da empresa seria restabelecida.
 Em pouco mais de um mês, a Petrobrás acumulou uma perda de R$ 30 bilhões em seu valor de mercado na Bolsa. A companhia encerrou o pregão com valor de R$ 224,8 bilhões, abaixo, portanto, do valor da empresa antes da megacapitalização de 2010.
Não é novidade que os sucessivos governos PTistas  tem feito política de controle da inflação à custa do caixa da Petrobrás com rombos que chegam a ser maiores do que o  lucro anual.
Um megaprodutor de petróleo como o Brasil, importou derivados para suprir a demanda interna e  pagou preços altos no mercado internacional, vendendo a preços mais baixos para garantir o controle da inflação (ao invés de administrar mais corretamente o caixa do governo federal). Os recentes reajustes da gasolina (6,6%) e diesel (5,4%) ficaram distanciados dos valores ideais para que a estatal repasse dentro do País os preços integrais pagos no exterior. Para Graça, o aumento propiciará uma "melhoria de caixa", mas "não o suficiente para dar o conforto da paridade" de preços.
Graça Foster, conhecida nos corredores da Petrobrás como Maria Caveirão.
Outro problema que diminui as expectativas de melhora é a queda de produção em 2012 (a meta de 2,022 milhões de barris/dia, será mantida, embora não tenha sido alcançada) não se deve só ao esgotamento de poços no pós-sal (Bacia de Campos) e a atrasos no desenvolvimento de outros, mas também à perda de eficiência operacional da empresa. Embora seis sistemas devam começar a operar em 2013, Graça avisa que não se pode contar com aumento de produção, devido à paralisação para reparos técnicos.

05/02/2013

Plano de reestruturação de carreira de docente federal é um retrocesso para o país


A nova lei desestimula a pós-graduação, as pesquisas universitárias e o interesse de grandes talentos pela profissão
O novo Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal - aprovado pela presidente Dilma Rousseff  "no apagar das luzes" de 2012, em 31 de dezembro - representa um retrocesso para o país. A avaliação é de especialistas e acadêmicos que se mostram surpresos com a velocidade "meteórica" com que a matéria tramitou no Congresso Nacional.
No entender do cientista Walter Colli, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a nova lei desestimula a pós-graduação, as pesquisas universitárias e o interesse de grandes talentos pela profissão. Isso porque a promoção para a categoria de professor titular "valoriza em demasia a progressão temporal" em detrimento do mérito acadêmico e científico.
Em meio à tramitação do projeto na Câmara e no Senado Federal,  a SBPC e ABC encaminharam, no fim de 2012, um manifesto aos parlamentares alertando sobre os riscos que o PL acarretaria à carreira dos professores de universidades públicas federais. Mesmo assim, a tramitação da matéria surpreendeu cientistas que depositavam na presidente Dilma a expectativa de vetá-lo.
 "Foram detectados aspectos que poderão trazer graves dificuldades, problemas e, por que não dizer, retrocesso, para as Universidades Federais Brasileiras, principalmente no que tange a qualidade da Pesquisa e do Ensino de Graduação e Pós-Graduação", destaca a nota (disponível em http://www.sbpcnet.org.br/site/busca/mostra.php?id=1800) assinada pela presidente da SBPC, Helena Nader, e pelo presidente da ABC, Jacob Palis.
O Ministério da Educação, por intermédio da assessoria de comunicação, informa que o novo Plano tem por objetivo "buscar a valorização da dedicação exclusiva", igualmente a titulação dos docentes, embora acadêmicos e cientistas afirmem o contrário. 
A lei estabelece cinco etapas na carreira do magistério federal - professor auxiliar, assistente, adjunto, associado e titular - que devem ser conquistadas por concurso público exigindo apenas o diploma de graduação. Hoje para ingressar no magistério da USP (estadual), por exemplo, o professor tem de ser portador do título de doutor. Assim também era para as universidades federais, até a promulgação dessa nova Lei.
 "Para exemplificar, no meu caso, cheguei ao cargo de professor titular na USP, mas se quisesse fazer parte do corpo docente regular de uma universidade federal teria de prestar concurso para professor auxiliar, na base do novo sistema e lá ficar por três anos, pelo menos. No entanto, como obtive o título de doutor há mais de 20 anos posso entrar para uma nova categoria denominada com o estranho nome de Cargo Isolado de Professor Titular-Livre do Magistério Superior", analisa o cientista.
 Diante do novo modelo, o mesmo resultado não será obtido por um grande cientista que tenha o título de doutor há menos de 20 anos, já que ele terá de recomeçar sua carreira da base.
"Para aspirar subir um pouco mais, ser um professor assistente, ele teria de esperar um intervalo de dois anos", exemplifica Colli, ex-presidente da CTNBio , também atual Segundo Tesoureiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Esse tipo de escalonamento, segundo Colli, afasta os melhores talentos das universidades públicas federais.
Com a mesma opinião, a professora associada do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Debora Foguel, destaca que, no modelo anterior, a posição de professor titular na universidade pública federal era alcançada por um novo concurso, avaliado por uma banca altamente qualificada.
 "Somente os professores com grande mérito acadêmico com destacada contribuição na pesquisa alcançavam tal nível diferenciado", lamenta Debora, pro-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da mesma universidade e membro titular da ABC.
 "Certamente quem o redigiu parece desconhecer o ambiente universitário, a pesquisa e a inovação que temos procurado trazer para dentro de nossas universidades", salienta a pesquisadora.
Impacto nas pesquisas - Para Colli, exigir apenas o título de graduação no inicio da carreira de magistério reduz a importância da pós-graduação no Brasil e, por tabela, as pesquisas universitárias que hoje respondem pela maioria das pesquisas científicas nacionais.  Dessa forma, ele vê necessidade de mudanças na Lei, sobretudo no artigo 8º  propondo que o ingresso na carreira do magistério superior seja realizado por concurso público de vários níveis. Isto é, para a categoria de professor auxiliar exigindo diploma de graduação; para a de professor assistente com a exigência de títulos de mestre; e a professores adjunto e associado para pessoas com nível de doutor.
 "Assim, seria possível atrair pessoas melhores para os concursos, valorizando a nossa pós-graduação", disse.
 Com a nova Lei, Colli acredita que a universidade pública se aproxima das universidades privadas que não exigem, pelo menos a maioria delas, o título de mestre ou de doutor para lecionar, pagando, assim, salários relativamente menores.
 Retrocesso no número de doutores -  Na avaliação de Débora, o novo plano de carreira do magistério federal tende a retardar a chegada do Brasil no time dos países que apresentam relação de doutores por número de habitantes mais justa.
 No Brasil, o número de portadores de títulos de doutorado proporcionalmente ao número de habitantes é um dos mais baixos do mundo. Conforme consta do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) de 2011 a 2020, existem no país 1,4 doutores titulados por cada mil habitantes na faixa etária entre 25 e 64 anos, na frente apenas da Argentina, com 0,2 doutores, na mesma comparação. O número brasileiro fica aquém do observado em países desenvolvidos como Suíça, no topo do ranking, com 23 doutores em um universo de mil habitantes; Alemanha, com 15,4; e Estados Unidos, com 8,4.
Evitando entrar no mérito do novo plano de carreira do magistério, o assessor da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco ) no Brasil, o professor Célio da Cunha, considera  baixo o número de doutores no Brasil em relação ao de habitantes. O ideal, analisa, seria o Brasil se aproximar dos Estados Unidos, titulando cinco a seis doutores por mil habitantes.
Inconstitucionalidade  - Colli define o novo Plano como "concentrador e paternalista" por atribuir ao Ministério da Educação (MEC) a prerrogativa de avaliar os cursos e os critérios de promoção dos docentes, contrariando o artigo 207 da Constituição Federal que concede autonomia às  universidades do ponto de vista didático e administrativo.
"Se diluem todos os ganhos que tivemos até agora com a pós-graduação e com a experiência das universidades no aperfeiçoamento das avaliações de mérito", lamenta Colli.

(Viviane Monteiro, Jornal da Ciência)