21/12/2012

Mudanças nas regas do hífen são 'atraso de vida'



Um acordo desnecessário e complicado. É assim que a professora de língua portuguesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Darcília Simões, descreve o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Um dos principais problemas criados pelo novo acordo, segundo a professora, foi a mudança das regras de uso do hífen. Para ela, essa foi a regra, justamente na qual 'eles complicaram tudo', já que tiraram alguns que existiam e criaram outros que não havia.
'Hoje em dia, ninguém mais sabe usar hífen. Do ponto de vista prático do usuário, essa reforma foi um problema. Isso está criando um atraso de vida no ambiente do falante comum e pior ficou para quem dá aula de língua portuguesa'.
Darcília diz que o novo acordo teve motivações políticas e econômicas, em vez de ter como objetivo facilitar a vida do usuário da língua. Para ele, o que houve foi um confronto de força entre Brasil e Portugal, 'cada um dizendo eu quero que você escreva como eu'.
'No final das contas, fizeram os acertos para dar nisso que deu. Há também as forças econômicas, porque você sabe que as editoras vão ganhar sempre com a republicação das obras segundo o novo acordo', lembrou.
De acordo com a professora, o 'pretenso' objetivo de também unificar a escrita dos oito países tampouco foi atingido. Entre outras coisas, as palavras com letras mudas (como 'fato' no Brasil e 'facto' em Portugal, por exemplo), segundo Darcília, continuarão sendo escritas de forma diferente nos dois países.
VITOR ABDALA

20/12/2012

RELAÇÕES EDUCACIONAIS ENTRE BRASIL E HOLANDA


Paisagem rural holandesa
A presença dos holandeses no Nordeste do Brasil durou pouco mais de vinte anos, mas deixou um legado histórico, cultural e econômico que ainda fascina os interessados na história colonial.
Depois de duas tentativas de conquista territorial na Bahia, em 1630 os holandeses conseguiram se fixar em Pernambuco, o que proporcionou avanços no comércio com a Europa e também na área das ciências e da cultura. Com a fundação da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais (Geoctroyeerde West-Indische Compangnie) a Holanda ocupou uma parte da maior colônia luso-espanhola das Américas, atraindo investidores que viviam em Amsterdam.
Hoje a Holanda tem longa tradição no exercício e defesa da democracia e do multilateralismo, comprovada pelas importantes organizações internacionais com sede em Haia, demonstrando especial sensibilidade para temas sociais.
Em 2007, o Brasil exportou para os Países Baixos US$ 8,84 bilhões e importou cerca de US$ 1,11 milhões, o que permitiu ao país alcançar o expressivo saldo comercial positivo de US$ 7,73 bilhões. Entre os produtos comprados dos Países Baixos figuraram como principais: medicamentos, óleo diesel, preparações para ração animal, sulfato de amônio e produtos químicos.
Tradicionais parceiros comerciais, Brasil e Holanda estão cada vez mais empenhados em estimular a cooperação científica. Nesse âmbito, a Organização Neerlandesa para Cooperação Internacional em Educação Superior (Nuffic), organizou nos mês de novembro último a visita de uma missão de educação superior holandesa composta por representantes de nível executivo de quinze universidades da Holanda, às cidades de Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, o evento reforçou a importância do intercâmbio educacional e científico entre as duas nações e refletiu sobre as questões relativas à internacionalização do ensino superior na perspectiva Brasil-Holanda.

 Sete pontes em Amsterdam
Com 12 das 14 universidades de pesquisa alocadas entre as 200 do ranking das melhores universidades do planeta, a Holanda possui o segundo melhor sistema de ensino superior da Europa e o terceiro melhor do mundo segundo o Times Higher Education Ranking (2012). Um resultado impressionante para um país com apenas 15 milhões de habitantes e uma área territorial menor que o Estado do Rio de Janeiro.

O secretário de Estado de Educação, Cultura e Ciência da Holanda, Sander Dekker, afirmou que países que trabalham juntos são mais fortes. "Países sozinhos não podem resolver problemas globais, para isso são necessárias cooperações internacionais, que contribuam para a qualidade." Finalizando, revelou que estatísticas demonstram que estudantes que vão cumprir parte de seus estudos no exterior melhoram bastante seu desenvolvimento nas universidades.
Jardim holandês
A cooperação entre a Capes e a Holanda começou em 2005, com memorandos de entendimento voltados a desenvolvimento de projetos de pesquisa e mobilidade estudantil. Em 2012, foi lançado edital entre a Capes, CNPq e a Nuffic para bolsas de graduação sanduíche na Holanda no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras. Participam desse programa 13 instituições e universidades holandesas. O saldo positivo do encontro foi comemorado pelas universidades dos Países Baixos que já anunciam o interesse em aumentar o intercâmbio com o Brasil a partir de 2013, além de, é claro, ampliar a participação holandesa no programa Ciência sem Fronteiras.  "O objetivo agora é trabalhar para desenvolver os projetos discutidos durante a missão e aprofundar ainda mais as relações entre o Brasil e a Holanda na área de educação superior", afirma a Nuffic Neso Brazil.

O inimputável


Eis a palavra de ordem: Luiz Inácio Lula da Silva paira acima da Justiça, e o seu detrator, o publicitário Marcos Valério, é um desqualificado. Desde que, na semana passada, este jornal revelou que o operador do mensalão, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, em setembro último, acusou o ex-presidente de ter aprovado o esquema de compra de votos de deputados e de tirar uma casquinha da dinheirama que correu solta à época do escândalo, o apparat petista e os políticos governistas apressaram-se a fazer expressão corporal de santa ira: “Onde já se viu?!”.


Apanhado em Paris pela notícia da denúncia, Lula limitou-se a dizer que era tudo mentira, alegou indisposição para não comparecer a um jantar de gala oferecido pelo presidente François Hollande à colega brasileira Dilma Rousseff e, no dia seguinte, fugiu da imprensa, entrando e saindo dos recintos pela porta dos fundos – algo não propriamente honroso para um ex-chefe de Estado que se tem em altíssima conta. Em seguida, usando como porta-voz o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, declarou-se “indignado”. Outros ministros também se manifestaram. Como nem por isso as acusações de Valério se desmancharam no ar, nem o PT ocupou as praças para fulminá-las, os políticos tomaram para si a defesa do acusado.

Na terça-feira, um dia depois do término do julgamento do mensalão, oito governadores se abalaram a São Paulo em romaria de “solidariedade” a Lula, na sede do instituto que leva o seu nome. De seu lado, a bancada petista na Câmara dos Deputados promoveu na sala do café da Casa um ato pró-Lula. Foi um fracasso de bilheteria: poucos parlamentares da base aliada (e nenhum senador) atenderam ao chamado do líder do PT, Jilmar Tatto, para ouvir do líder do governo Dilma, Arlindo Chinaglia, que Lula “é (sic) o maior presidente do Brasil”, além de “patrimônio do País”, na emenda do peemedebista Henrique Eduardo Alves, que deve assumir o comando da Câmara em fevereiro. Não faltaram, naturalmente, os gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.

Já a reverência dos governadores – aparentemente, uma iniciativa do cearense Cid Gomes – transcorreu a portas fechadas. Havia três petistas, dois pessebistas (mas não Eduardo Campos, que se prepara para ser “o cara” em 2014 ou 2018), dois peemedebistas e um tucano, Teotônio Vilela Filho, de Alagoas, autodeclarado amigo de Lula. Seja lá o que tenham dito e ouvido no encontro, os seus comentários públicos seguiram estritamente a cartilha da intocabilidade de Lula, com as devidas variações pessoais. Agnelo Queiroz, do PT do Distrito Federal, beirou a apoplexia ao proclamar que Valério fez um “ataque vil, covarde, irresponsável e criminoso” a Lula. “Só quem confia em vigarista dessa ordem quer dar voz a isso.”

Não se trata, obviamente, de confiar em vigaristas, mas de respeitar os fatos. Valério procurou o Ministério Público – não vem ao caso por que – para fazer acusações graves a um ex-presidente e ainda figura central da política brasileira. Não divulgá-las seria compactuar com uma das partes, em detrimento do direito da sociedade à informação. Tudo mais é com a instituição que tomou o depoimento do gestor do mensalão, condenado a 40 anos. Ainda ontem, por sinal, o procurador-geral Roberto Gurgel, embora tenha mencionado o contraste entre as frequentes declarações “bombásticas” de Valério e os fatos apurados, prometeu examinar “em profundidade” e “rapidamente” as alegações envolvendo Lula.

Não poderia ser de outra forma. “Preservar” o ex-presidente, como prega o alagoano Teotônio Vilela Filho, porque ele tem “um grande serviço prestado ao Brasil”, é incompatível com o Estado Democrático de Direito. O que Lula fez pelo País pode ser aplaudido, criticado ou as duas coisas, nas proporções que se queiram. O que não pode é torná-lo literalmente inimputável. Dizer, por outro lado, como fez o cearense Cid Gomes, que Valério não foi “respeitoso com a figura do ex-presidente e com a memória do Brasil” põe a nu a renitente mentalidade que evoca a máxima atribuída ao ditador Getúlio Vargas: “Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei”.




Jornal O Estado de S.Paulo

17/12/2012

Tatuagem


Escrever



A Profa. Ana Maria Netto Machado, no texto publicado na obra A bússola do escrever: desafios na orientação de teses e dissertações, afirma:

A observação prática nos mestrados demonstra, de uma maneira inquestionável, que 15 ou mais anos de língua português não desenvolveram, na grande maioria dos adultos, qualquer intimidade com a sua própria escrita, de modo que eles não conseguem escrever com facilidade, nem razoavelmente, nem corretamente, nem sem sofrimento. Isto é válido para autores ávidos, oradores eloqüentes e bem-sucedidos, cuja cultura não lhes garante a habilidade para escrever. É fácil constatar essas teses no meio acadêmico entre bons professores”.

Ela conclui que, “salvo raras exceções, podemos insistir, sem equivoco, que 15 anos de língua portuguesa não habilitam para escrever”.
Embora a obra referida tenha sido publicada há 10 anos, o diagnóstico é, no mínimo, preocupante. Será que o quadro geral mudou? Não tenho condições de aferição plena, pois não participo da pós-graduação, mas me parece que a percepção da professora permanece válida. A minha experiência em participação em bancas, enquanto leitor dos trabalhos acadêmicos na graduação e como editor e consultor dos artigos ditos científicos confirma-o. Não é meu intuito desvalorizar nenhum autor, graduando ou pós-graduando, mas apenas constatar um fato que corrobora as palavras da professora.
Espera-se dos pós-graduandos que concluam seus trabalhos e defendam suas teses e dissertações, especialmente se recebem bolsas. São recursos da sociedade e, portanto, há imperativo ético. A responsabilidade social do pós-graduando é imensa e não diz respeito apenas ao orientador, programa e instituição.
Nem sempre a defesa e o título conquistado têm relação estreita com o domínio da escrita e o escrever bem. Aliás, a experiência editorial, especialmente na Revista Urutágua, demonstra que não existe relação de causalidade entre titulação e capacidade de escrever. Já li textos de graduandos melhores escritos do que outros cujos autores são pós-graduandos, mestres e até mesmos doutores.
Se o pós-graduando enfrenta dificuldades para escrever sua dissertação ou tese, por que exigir que escreva artigos para periódicos? Ora, sejamos sensatos, nem todos temos inspiração ou competência inerentes ao bom escritor. Escrever é algo mais do que juntar palavras, organizar citações, apresentar tabelas e quadros que possam impressionar. A escrita por obrigatoriedade produz resultados desanimadores e, muito vezes, o autoengano. A vaidade é também uma forma de ilusão! No mercado dos bens simbólicos, a publicação de um artigo não oferece certificado de boa escrita, mas apenas a constatação de que se cumpriu a demanda produtivista. Se o pós-graduando se vê pressionado a publicar, por que não antecipar a publicação da dissertação em forma de artigos? Como pode o mestrando/doutorando se dedicar ao seu trabalho final se tem que publicar agora? É preciso muita capacidade para se desdobrar…
Para muitos escrever é quase como uma tortura – não é por acaso que pós-graduandos entram em crise psíquica e, muitas vezes, comprometem a saúde física e as relações pessoais. Deveria ser suficiente esperar que concluam o trabalho de pós-graduação. Há as exceções, os que não têm problemas em produzir, ou seja, lidam com a escrita de forma tranquila – e há também os competidores compulsivos, os quais se alimentam psiquicamente da pressão produtivista. Não obstante, para além das exigências formais e éticas, é mais sensato aceitar o fato de que nem todos gostamos de escrever, que não temos o mesmo domínio da escrita e aptidão. Não é melhor resguardar o direito de quem não quer publicar ou escrever de acordo com a capacidade e condições?
Por que e prá quê publicar? Por que obrigar o pós-graduando a isto? Não é suficiente que conclua a pós-graduação da melhor forma possível? Que ele publique, mas se for capaz e desejar. Da mesma forma, por que exigir do seu orientador a publicação de artigos? Também ele não tem o direito de ser “improdutivo”? As exigências produtivistas nos cegam diante de um simples fato: escrever não é fácil e nem está automaticamente vinculado à titulação. Publicar e escrever bem não são sinônimos. Escrever deveria ser um exercício prazeroso e não um tormento!

                                                  Antonio Ozaí da Silva - Professor do Departamento de Ciências Sociais  

                                                                                        na Universidade Estadual de Maringá


16/12/2012

Morte a Bono



Neil & Bono

Neil McCormick, 51, é um jornalista musical respeitado, crítico chefe de rock do jornal inglês "Daily Telegraph". É figura fácil na BBC e foi editor da "Q", uma das maiores revistas de música do planeta.
Mas ele queria ter sido muito mais. McCormick queria ter sido Bono, líder do U2, como faz questão de lembrar no divertido livro "Morte a Bono", que será lançado no Brasil no início de 2013 (EDITORA Martins Fontes).
Não é apenas um desejo. Ele e o irmão mais novo, Ivan, estudaram com os integrantes da banda no colégio Mount Temple, em Dublin.
Ivan, inclusive, fez parte da formação inicial do U2 -antes mesmo de ter esse nome. Neil, querendo fazer sucesso por conta própria, resgatou o irmão e criou com ele várias bandas que nunca vingaram.
"Eu e Bono começamos juntos com os mesmo sonhos roqueiros", recorda o jornalista. "Mas ele foi parar no topo da música, enquanto eu afundei sem perdão."
McCormick não guarda mágoas ou se arrepende de ter convencido o irmão a deixar o U2 nos anos 1970.
"Eu não me culpo. Chegamos perto do sucesso e falhamos juntos", ressalta Neil.
"Ivan tem muito orgulho de falar que fez parte do U2, mas não se ilude com o fato. Ele tinha 13 anos quando deixou a banda e, naquela época, era um bando de moleques tocando versões horríveis de Deep Purple e Rory Gallagher."
Uma coisa, pelo menos, McCormick conseguiu preservar: a amizade do líder do U2. Apesar do título polêmico "Morte a Bono", os dois se falam até hoje e o escritor sempre é convidado para assitir aos shows do grupo.
"Bono que deu a ideia do nome do livro. Ele estava me contando que iria cantar com Frank Sinatra e compor uma música para 007. Eu disse que ele estava vivendo minha vida", lembra.
"Bono falou: 'Se você quiser sua vida de volta vai ter de me matar'."
De certa maneira, o irlandês famoso estava certo. "Morte a Bono" foi um sucesso de vendas e virou filme (inédito no Brasil), ano passado, com Ben Barnes ("Crônicas de Nárnia") no papel de Neil.
"O filme é bem engraçado, mas não substitui minha vida ou minhas memórias", afirma o jornalista. "Quando vi pela primeira vez, quis sair rastejando do cinema de vergonha. Pelo menos, eu virei um idiota bonitão na tela." 


(Rodrigo Salem - Folha de São Paulo 16/12/2012)

Picinguaba


FAPESP


A Fapesp no mundo

Jornal O Estado de São Paulo - 16 de Dezembro de 2012
CELSO LAFER, PROFESSOR EMÉRITO DO INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA USP. É PRESIDENTE DA FAPESP.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) nos anos recentes tem colocado, entre suas prioridades, ampliar o mais possível relações com entidades congêneres, universidades e empresas dos vários países em que ciência e tecnologia reconhecidamente atingiram patamares elevados de excelência. Há uma explicação e uma fundamentação para essa política.

O que explica o desejo da Fapesp de interagir com outras nações nesse campo é que o empenho para aumentar o intercâmbio gera e amplia conhecimento em todas as áreas em que ele ocorre. A ampliação do conhecimento é um imperativo para o futuro das sociedades contemporâneas e muito importante para o nosso país, porque a velocidade em que vem ocorrendo altera as condições de vida de todos. É uma força centrípeta na vida internacional. No mundo contemporâneo esse processo tem alcance planetário. Por isso a ciência é uma atividade que depende mais e mais do esforço da cooperação transfronteiras, pois muitos dos fenômenos mais importantes com que ela se depara ocorrem em diversos lugares do mundo. No universo da ciência o centro está em toda parte, diria, adaptando uma formulação de Miguel Reale.

O que fundamenta a ampliação da presença da Fapesp no mundo é o fato de que o Estado de São Paulo tem dispêndios com ciência e tecnologia que se equiparam aos de diversas nações com tradição nesses campos: o 1,64% do produto interno bruto (PIB) paulista investido em 2010 é superior ao que fizeram Espanha, Itália, Irlanda, China, Índia, Rússia, Argentina, e um pouco inferior ao praticado por Canadá, Reino Unido, França, Austrália.

Mais importante, desse total de despesas em ciência e tecnologia no Estado de São Paulo, 60% vêm de empresas, uma situação peculiar no Brasil e similar à que se verifica nos principais centros de desenvolvimento desse setor no mundo. Igualmente, o número de doutores formados em cada uma das principais universidades paulistas anualmente é comparável com o das mais renomadas instituições de ensino superior do mundo.

Em síntese, o Estado de São Paulo está num patamar de qualidade em ciência e tecnologia que lhe permite interagir em igualdade de condições com as grandes instituições de outros países, e é importante que isso seja feito agora.

Atualmente, a Fapesp tem vigentes 62 acordos de cooperação com entidades de ensino e pesquisa de 13 países. Desde o início da década de 1990, após a Constituição estadual de 1989 ter-lhe dado a missão de aplicar seus recursos (aumentados de 0,5% para 1% da receita tributária estadual) em desenvolvimento tecnológico, além de científico, a Fapesp aprovou 466 projetos por meio de acordos internacionais de cooperação científica e tecnológica.

Neste momento, 112 projetos científicos estão sendo desenvolvidos por pesquisadores financiados pela Fapesp com pesquisadores de outros países - em maior número com Reino Unido (32), Estados Unidos (26) e França (24); e também com Argentina (10), Israel (5), Canadá (5), Alemanha (3) e Dinamarca (2).

Do total de acordos, há 21 com agências de financiamento à pesquisa, 35 com instituições de ensino e pesquisa e três com empresas sediadas nos Estados Unidos (Agilent Technologies, Boeing, Microsoft Research).

Com empresas internacionais representadas no Brasil foram assinados cinco acordos de cooperação para pesquisa científica e tecnológica nas áreas de bioenergia, fármacos e novas tecnologias: BG Brasil Ltda. (BG Group), BP Biocombustíveis, Glaxo SmithKline-Brasil (GSK), Peugeot Citröen do Brasil Automóveis e Whirlpool.

Entre as instituições de ensino com quem a Fapesp tem projetos de pesquisa conjuntos, incluem-se o King's College, do Reino Unido, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, e a Universidade de Toronto, do Canadá - além de muitas outras.

Nessa estratégia de aumentar o diálogo entre pesquisadores de São Paulo e de outros países, inclui-se o programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), com a participação de destacados cientistas do exterior - vários destes são Prêmios Nobel -, que vêm a São Paulo dividir seu conhecimento com colegas paulistas.

Como parte desse esforço, a Fapesp vem realizando eventos em outros países, nos quais pesquisadores de São Paulo e das nações anfitriãs dialogam sobre seus projetos atuais e conhecem mais a fundo seus métodos de trabalho e descobertas, estimulando, dessa maneira, a interação em rede.

Em 2011 realizou-se em Washington - com a National Science Foundation, o Brazil Institute do Woodrow Wilson Center e a Ohio State University - a primeira Fapesp Week. Este ano, em Toronto, Boston e Morgantown, com as Universidades de Toronto e West Virginia, do MIT e do Brazil Institute (Instituto de Pesquisa resultado de um convênio entre a MERCER University e o Dep. Educação da UFSCar), foi realizada nova Fapesp Week.

Na semana passada, em Salamanca e Madri, com o apoio da Universidade de Salamanca e da Casa do Brasil em Madri, ocorreu o seminário Fronteras de La Ciencia. Em março, com a Japan Society for the Promotion of Science e a colaboração da Embaixada do Brasil, será realizado em Tóquio o Simpósio Brasil-Japão de Colaboração em Pesquisa. Em junho, evento similar em Beijing.

Como ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, sempre atento à qualidade da inserção do nosso país no mundo, e agora, com a atual missão de presidir a Fapesp, estou a cada dia mais convicto de que a cooperação científica é um dos elementos para favorecer o entendimento entre os povos. Num mundo fragmentado, a ciência une, porque os pesquisadores compartilham os valores relacionados ao avanço do conhecimento, entre eles o da curiosidade intelectual, o da objetividade, o da racionalidade e o do diálogo entre os pares. Essa é mais uma razão de ordem global que justifica a presença da Fapesp no mundo, com benefícios para o País. 

13/12/2012

Picinguaba


LULA É "MANCHETE" MUNDIAL

Só as emissoras e jornais brasileiros não publicam!

Se você duvida, acesse um dos sites abaixo e confira!



Lula, chefe do “Mensalão”, é manchete no mundo.

O que, antes, era visto como suposta intriga da oposição (Lula, chefe da quadrilha do mensalão), toma forma de coisa real e chega às principais redações da imprensa mundial, quando Lula, acusado por um dos réus no processo do Mensalão de ser o chefe da trama.

Em vez de acionar imediatamente o acusador, cala-se e evita contato com a imprensa, adotando, conduta de culpado, percebida logo pela imprensa mundial.

ESPANHA - El principal imputado del "juicio del siglo" acusa a Lula de ser "el jefe" de la trama de compra de votos – (O principal acusado no “julgamento do século” acusa Lula de ser o chefe da trama de compra de votos).

http://es.noticias.yahoo.com/principal-imputado-juicio-siglo-acusa-lula-ser-jefe-054957125.html?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

CHILE - Reo denuncia que Lula "era el jefe" de red de corrupción juzgada en Brasil - (Réu denuncia que Lula era o chefe da rede de corrupção em julgamento no Brasil).

http://www.biobiochile.cl/2012/09/15/reo-denuncia-que-lula-era-el-jefe-de-red-de-corrupcion-juzgada-en-brasil.shtml

PANAMÁ - Lula "era el jefe" de red de corrupción juzgada en Brasil (Lula era o chefe da rede de corrupção no Brasil)

http://www.telemetro.com/inter/2012/09/15/114501/lula-era-jefe-red-corrupcion-juzgada-brasil#.UFcwqtATG1s.facebook

FRANÇA - Au Brésil, l'opérateur du scandale des années Lula prétend que le chef de l'Etat était au courant (No Brasil, o operador do Mensalão (Marcos Valério) diz que Lula sabia da trama.)

http://america-latina.blog.lemonde.fr/2012/09/15/au-bresil-loperateur-du-scandale-des-annees-lula-pretend-que-le-chef-de-letat-etait-au-courant/

ARGENTINA - Acusan a Lula de haber liderado una enorme red de corrupción – (Lula é acusado de liderar grande rede de corrupção)
http://www.lanacion.com.ar/1508847-acusan-a-lula-de-haber-liderado-una-enorme-red-de-corrupcion

HONDURAS - Acusan a Lula da Silva de ser jefe de red de corrupción – (Lula é acusado de ser chefe de rede de corrupção).

http://www.elheraldo.hn/Secciones-Principales/Mundo/Acusan-a-Lula-da-Silva-de-ser-jefe-de-red-de-corrupcion

MÉXICO - Empresario acusado por corrupción involucra directamente a Lula en fraude - (Empresário acusado de corrupção envolve Lula diretamente na fraude)

http://www.sinembargo.mx/15-09-2012/368039

VENEZUELA - Acusan a Lula de ser "el jefe" de la corrupución en el Brasil – (Lula é acusado de ser chefe da corrupção no Brasil).
http://dossier33.com/2012/09/acusan-a-lula-de-ser-el-jefe-de-la-corrupucion-en-el-brasil/

Tan


12/12/2012

Tatuagem


Voto eletrônico e fraude



Um novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi apresentado ontem (10/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no decorrer do seminário “A urna eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.

Continue lendo: denuncias/voto-eletronico-eleicao

Clara Nunes


10/12/2012

Verdades masculinas



1. Peitos foram feitos para serem olhados e é isso que nós iremos fazer. Não tente mudar isso.
2. Aprenda a usar a tampa do vaso. Você é uma menina crescida. Se ela está levantada, abaixe-a. Vocês precisam dela abaixada, nós precisamos dela levantada. Você não nos vê reclamando por que você deixou ela abaixada.
3. Domingo = Esportes. É a mesma relação que a lua cheia tem com as mudanças na maré. Deixe estar.
4. Comprar NÃO é um esporte. E não, nunca vamos pensar nisso dessa forma.
5. Chorar é chantagem.
6. Pergunte o que você quer. Vamos ser claros nisso: Dicas sutis não funcionam! Dicas claras não funcionam! Dicas óbvias não funcionam! Apenas diga logo o que você quer.
7. Sim e Não são respostas perfeitas para praticamente todas as questões existentes.
8. Venha falar conosco a respeito de um problema somente se você quiser ajuda para resolvê-lo. Isso é o que a gente faz. Simpatia é trabalho das suas amigas
9. Uma dor de cabeça que dura 17 meses é um problema. Procure um médico.
10. Qualquer coisa que dissemos 6 meses atrás é inadmissível em um argumento. Na verdade, todos comentários tornam-se nulos e vetados após 7 dias.
11. Se você pensa que está gorda, provavelmente você esteja. Não pergunte para nós.
12. Se algo que nós dissemos pode ser interpretado de duas formas, e uma delas faz você ficar irritada e triste, nós queríamos usar a outra forma.
13. Sempre que possível, fale tudo o que você tem a falar durante os comerciais.
14. Cristóvão Colombo não precisou parar para pedir informações, e nem nós.
15. TODOS homens enxergam em apenas 16 cores, assim como as definições básicas do Windows. Pêssego, por exemplo, é uma fruta, não uma cor. Salmão é um peixe. Não fazemos ideia do que é âmbar.
16. Se algo coça, será coçado. Nós fazemos isso.
17. Se perguntarmos a você se há algo de errado e você responde ‘nada‘, nós agiremos como se nada tivesse errado. Nós sabemos que você está mentindo, mas não vale a pena a discussão.
18. Se você fizer uma pergunta para a qual você não quer uma resposta, espere uma resposta que você não queria ouvir.
19. Quando precisamos sair, absolutamente tudo que você usar está bom. Sério.
20. Não pergunte o que estamos pensando, a não ser que você esteja preparada para discutir sobre Sexo, Esportes ou Carros.
21. Eu estou em forma. Redondo é uma forma.
22. Obrigado por ler isso; Sim, eu sei, eu terei que ir dormir na sala hoje, mas saiba você que os homens não se importam com isso, é como acampar.

Tutú Marambá


Ai, como essa moça é distraída
Sabe lá se está vestida
Ou se dorme em transparente
Ela sabe muito bem que quando adormece
Está roubando o sono de outra gente

A noiva da cidade, Chico Buarque

Uma singela historieta das origens do Natal.



Os relatos históricos das comemorações do Natal antecedem de 2 a 4 mil anos o nascimento de Jesus Cristo e mais do que uma data onde os interesses comerciais superam em muito a religiosidade, tem suas origens nas religiões pagãs da antiguidade.
Durante a desintegração do Império Romano, muitos povos "bárbaros" que chegaram à Europa trouxeram consigo uma série de tradições que definiam a sua própria identidade religiosa.
Na antiga Mesopotâmia era celebrado o festival pagão do Zagmuk com sacrifícios e oferendas. Passando pelas principais ruas da Babilônia eles carregavam imagens do deus Marduk e a lenda dizia que, durante o solstício de inverno, o rei deveria morrer ao lado de Marduk, para ajudá-lo na batalha contra os monstros do caos e da escuridão. Para poupar o monarca do sacrifício, um criminoso era vestido com suas roupas e tratado com todos os privilégios para então, no final da festa, ser morto e levar consigo todos os pecados do povo. Um ritual semelhante, conhecido como  Sakā, também era realizado pelos persas.

Marduk, o Deus-Sol da Babilônia, e seu dragão Tiamat

A Grécia antiga também incorporou os rituais estabelecidos pelos mesopotâmios ao celebrar a luta de Zeus contra o titã Cronos. O costume alcançou os romanos, que passaram a realizar a Saturnalia (em homenagem a Saturno). A festa iniciava em meados de Dezembro e decorria até o início de Janeiro. Mas outros cultos existiam também, como é o caso do deus Apolo, considerado como Sol Invictus, ou ainda de Mitra, adorado como Deus-Sol. Este último, muito popular entre o exército romano, era celebrado nos dias 24 e 25 de Dezembro, data que, segundo a lenda, correspondia ao nascimento da divindade.
Em 273, o Imperador Aureliano estabeleceu o dia do nascimento do Sol em 25 de Dezembro: Natalis Solis Invicti (do latim, "nascimento do Sol invencível"). Neste dia eram realizadas festas nas ruas e grandes jantares com amigos. As árvores eram ornamentadas com galhos de loureiros e iluminadas por muitas velas para espantar os maus espíritos da escuridão.
Hoje o Natal não passa de uma data onde o comércio recupera os prejuízos do ano que se acaba, nada de reflexões, sacrifícios ou arrependimentos, com o cartão de crédito e os parcelamentos oferecidos o homem moderno quita os pecados cometidos e tudo recomeça bem no ano que vem.

Alckmin aposta na burrice e corta verbas para inteligência policial

É triste, mas o recado que o governador Geraldo Alckmin (PSDB/SP) passa é este: se prepare para receber mais trotes de dentro dos presídios paulistas, mais arrastões em edifícios e restaurantes de São Paulo, mais toques de recolher sob ordens da facção criminosa PCC, mais sequestros relâmpagos, mais assédio do tráfico de crack sobre crianças, mais ações criminosas nas ruas, e os policiais que se virem para preservar suas vidas.

O governador tucano cortará no orçamento de 2013 verbas do setor de inteligência policial, mesmo diante da escalada dos ataques do PCC, que ameaça a vida dos policiais e aterroriza a população.

O corte chega a ser de 63% na área de inteligência da Polícia Civil, o que significa a continuidade do processo de sucateamento, com a perda da capacidade investigativa. A Polícia Militar também não escapou: perderá 13% no orçamento.

A área de inteligência visa cortar o mal pela raiz, ao prevenir ações criminosas antes de acontecerem, ao desbaratar organizações criminosas, ao apreender carregamentos de armas e drogas, ao combater a infiltração do crime organizado na segurança pública através de maus policiais. É responsável também por mapear os locais e horários onde há maior incidência de crimes, de forma a orientar o patrulhamento eficiente pelas rondas.

Quando bem gerido, cada centavo aplicado no setor de inteligência, evita gastos muito maiores em confrontos armados e, mais importante, salva vidas.

O governador tucano rasga seu próprio discurso ao cortar estas verbas. Recentemente o tucano prometeu concentrar esforços nessa área. (Com informações da Rede Brasil Atual)

Protecinismo

Produtores existem para satisfazer os consumidores, a produção é o meio e o consumo é o fim. 
O protecionismo é uma política construída sobre a premissa de que os consumidores existem para satisfazer os produtores.

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09/12/2012

Espantando investimentos


Se a queda dos investimentos é o centro das preocupações do governo, a iniciativa da presidente Dilma Rousseff de reduzir em 20% o custo da energia elétrica ao consumidor final agravou consideravelmente a desconfiança do investidor e, por conseguinte, suas dificuldades para 2013.
O barateamento das tarifas, frustrado em parte pela não adesão das empresas estaduais, foi avaliado dentro e fora do País como um gesto inequívoco de intervencionismo que desconsiderou as regras mais básicas de mercado. Ficou a leitura de que o governo não considera esgotado o papel do marketing que sustentou até aqui a imagem de gestora da presidente.
A segunda parte do mandato de Dilma é decisiva para a preservação de índices de aprovação com os quais conta para sustentar sua campanha pela reeleição. Ainda que os efeitos da queda da economia demorem a chegar ao bolso do eleitor, a entrega de resultados especialmente no campo da infraestrutura tornou-se imperativa.
Para tanto, investimentos são indispensáveis e só chegam pela confiança - a mesma que o Banco Central reconhece abalada. É, pois, curioso que o governo do PT insista no tipo de marketing que vende o produto em falta, no caso a eficiência administrativa. O intervencionismo e a xenofobia exibidos pela presidente nos últimos dias são adversários dos investimentos e da boa gestão, que se retroalimentam.
A politização do revés no embate com as elétricas estaduais deu o tom de populismo Kirchneriano que faltava para consolidar entre os empreendedores a leitura que já fazem de um governo contra o lucro - mola mestra dos negócios.

JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo

Don´t


06/12/2012

Força


QUALIFICAÇÃO X SOFRIMENTO



O dia-a-dia e a agitação dos grandes centros urbanos tem se tornado cada vez mais exaustivo: filas, superlotação dos transportes públicos, engarrafamentos, violência urbana, pressão no ambiente de trabalho, o consumo artificial excessivo, a concorrência, as situações involuntárias de competição e de submissão aos tabus produzem uma cultura cujo traço principal é a desumanização.
A mente expressa seu desgaste por meio de reações fisiológicas e essas manifestações, que não caracterizam uma doença, é o estresse, o estado do organismo submetido à tensão, quando o corpo sofre reações químicas que, em excesso, podem prejudicar o indivíduo.


Na vida acadêmica, a pressão por produção do professor universitário e do pós-graduando, cada vez mais exigidos, cada vez mais qualificados, cujo trabalho está muito além do exercício da pesquisa e docência, mas que, em face das políticas públicas derivadas da reforma da educação superior, os induzem de forma muitas vezes alienada à complementação salarial e à ideologia do produtivismo acadêmico.
Este traço central da cultura da nova universidade pública compele a todos ao individualismo e à competitividade que acentua a sobrecarga psíquica. Poucos percebem o peso da instituição sobre os ombros e o naturalizam como seu e muitas vezes projetam nos colegas esta perversa cultura da universidade pública e não se vê da mesma forma. O conflito torna-se a base das relações de trabalho. Todos sofrem à exaustão e passam a ser reféns da medicalização da sociedade.
Sob essa ótica o professor pesquisador, enfaticamente, e o pós-graduando, envolvido nesse processo, defrontam-se com atividades obrigatórias, quais sejam: publicar determinada média anual de artigos científicos em periódicos classificados pela agência ou em editoras de renome; lecionar na graduação e na Pós-Graduação; realizar pesquisas financiadas por agências de fomento com relativo prestígio acadêmico; realizar estágios pós-doutorais enfrentando péssimas condições de vida nestes períodos, além de se verem em face da resistência e da oposição de seus próprios colegas de unidade acadêmica; proferir palestras e conferências em eventos nacionais e internacionais e muitas vezes realizar trabalhos administrativos nas universidades em que atuam preterindo compulsoriamente o trabalho acadêmico e científico.
O professor e o pós-graduando que assumem esse cotidiano alienado mediado pela CAPES e pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, têm seus processos formativos profundamente modificados pela nova função da universidade pública em razão do movimento socioeconômico em curso. Eles, portanto, definem-se por meio de sua prática, em conformidade com a ideologia do produtivismo acadêmico, com a política de Estado e a atual cultura da universidade.
O quadro político institucional da universidade modifica e intensifica o trabalho, ao mesmo tempo em que impõe o tempo da economia ao tempo acadêmico. Este processo tem como resultado o estranhamento do professor de seu trabalho e do produto dele. Desse modo o pesquisador e seu grupo de pesquisa estranham-se a si mesmos, produzindo um ambiente de sofrimento.
Hoje a dificuldade na obtenção de emprego para a mão de obra superqualificada, a falta de bolsas de estudo em quantidade suficiente para atender à demanda das pós-graduações, num momento em que o pesquisador é culturalmente impelido a constituir família e entrar efetivamente no mercado produtivo, são algumas das razões que intensificam o sofrimento pessoal diminuindo as expectativas de sucesso do aluno. A exposição do professor e, de forma acentuada do pós-graduando tornam-se problemas médicos, quando, de fato, o sofrimento tem origem na racionalidade institucional. Os medicamentos são perversamente um meio para adaptação destes sujeitos à sociedade e à instituição anômalas. Lembrando a crueza de Nelson Rodrigues em “A Vida Como Ela É”, os remédios são uma adaptação à doença socialmente produzida mediada pela universidade em geral, especialmente a universidade pública. Isto revela a naturalização da doença numa sociedade mórbida.



Tatuagem


UM SÉCULO DE HIPOCRISIA




'É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar - bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola... ' (Roberto Campos)


O arquiteto Oscar Niemeyer completou um século de vida sob grande reverência da mídia. Ele foi tratado como 'gênio' e um 'orgulho nacional', respeitado no mundo todo. Não vem ao caso julgar suas obras em si, em primeiro lugar porque não sou arquiteto e não seria capaz de fazer uma análise técnica, e em segundo lugar porque isso é irrelevante para o que pretendo aqui tratar.
Entendo perfeitamente que podemos separar as obras do seu autor e julgar a ambos independentemente. Alguém pode detestar a pessoa em si, mas respeitar seu trabalho. O problema é que vejo justamente uma grande confusão no caso de Niemeyer e tantos outros 'artistas e intelectuais’. O que acaba sendo admirado, quando não idolatrado, é a própria pessoa. E, enquanto figura humana, não há nada admirável num sujeito que defendeu o comunismo a vida inteira.
Niemeyer, sejamos bem francos, não passa de um hipócrita. Seus inúmeros trabalhos realizados para governos, principalmente o de JK, lhe renderam uma bela fortuna. O arquiteto mamou e muito nas tetas estatais, tornando-se um homem bem rico. No entanto, ele insiste em pregar, da boca para fora, o regime comunista, a 'igualdade' material entre todos. Não consta nas minhas informações que ele tenha doado sua fortuna para os pobres. Enquanto isso, o capitalista 'egoísta'  Bill Gates já doou vários bilhões à caridade.
 Além disso, a 'igualdade' pregada por Niemeyer é aquela existente em Cuba, cuja ditadura cruel o arquiteto até hoje defende. Gostaria de entender como alguém que defende Fidel Castro, o maior genocida da América Latina, pode ser uma figura respeitável enquanto ser humano. São coisas completamente contraditórias e impossíveis de se conciliar. Mostre-me alguém que admira Fidel Castro e eu lhe garanto se tratar ou de um perfeito idiota ou de um grande safado. E vamos combinar que a ignorância é cada vez menos possível como desculpa para defender algo tão nefasto como o regime cubano, restando apenas a opção da falta de caráter mesmo. Ainda mais no caso de Niemeyer.
Na prática, Niemeyer é um capitalista, não um comunista. Mas um capitalista da pior espécie: o que usa a retórica socialista para enganar os otários. Sua festa do centenário ocorreu em São Conrado, bairro de luxo no Rio, para 400 convidados. Bem ao lado, vivem os milhares de favelados da Rocinha. Artistas de esquerda são assim mesmo: adoram os pobres... de preferência bem longe.
Aquelas pessoas que realmente são admiráveis, como tantos empresários que criam riqueza através de inovações que beneficiam as massas, acabam vítima da inveja esquerdista. O sujeito que ficou rico porque montou um negócio, gerou empregos e criou valor para o mercado, reconhecido através de trocas voluntárias, é tachado de 'egoísta', 'insensível' ou mesmo 'explorador' por aqueles mordidos pela mosca marxista. Mas quando o ricaço é algum hipócrita que prega aos quatro ventos as 'maravilhas' do socialismo, vivendo no maior luxo que apenas o capitalismo pode propiciar, então ele é ovacionado por uma legião de perfeitos idiotas, de preferência se boa parte de sua fortuna for fruto de relações simbióticas com o governo.
Em resumo, os esquerdistas costumam invejar aquele que deveria ser admirado, e admirar aquele que deveria ser execrado. É muita inversão de valores!
Enfim, Niemeyer completou cem anos de vida. Um centenário defendendo atrocidades, com incrível incapacidade de mudar as crenças diante dos fatos.
O que alguém como Niemeyer tem para ser admirado, enquanto pessoa? Os 'heróis' dos brasileiros me dão calafrios! Eu só lamento, nessas horas, não acreditar em inferno. Creio que nada seria mais justo para um Niemeyer quando batesse as botas do que ter de viver eternamente num lugar como Cuba, a visão perfeita de um inferno, muito mais que a de Dante. E claro, sem ser amigo do diabo, pois uma coisa é viver em Cuba fazendo parte da nomenklatura de Fidel, com direito a casas luxuosas e Mercedes na garagem, e outra completamente diferente é ser um pobre coitado qualquer lá. Acredito que esse seria um castigo merecido para este defensor de Cuba, que completa um século de hipocrisia sendo idolatrado pelos idiotas.


por Rodrigo Constantino