09/12/2012

Espantando investimentos


Se a queda dos investimentos é o centro das preocupações do governo, a iniciativa da presidente Dilma Rousseff de reduzir em 20% o custo da energia elétrica ao consumidor final agravou consideravelmente a desconfiança do investidor e, por conseguinte, suas dificuldades para 2013.
O barateamento das tarifas, frustrado em parte pela não adesão das empresas estaduais, foi avaliado dentro e fora do País como um gesto inequívoco de intervencionismo que desconsiderou as regras mais básicas de mercado. Ficou a leitura de que o governo não considera esgotado o papel do marketing que sustentou até aqui a imagem de gestora da presidente.
A segunda parte do mandato de Dilma é decisiva para a preservação de índices de aprovação com os quais conta para sustentar sua campanha pela reeleição. Ainda que os efeitos da queda da economia demorem a chegar ao bolso do eleitor, a entrega de resultados especialmente no campo da infraestrutura tornou-se imperativa.
Para tanto, investimentos são indispensáveis e só chegam pela confiança - a mesma que o Banco Central reconhece abalada. É, pois, curioso que o governo do PT insista no tipo de marketing que vende o produto em falta, no caso a eficiência administrativa. O intervencionismo e a xenofobia exibidos pela presidente nos últimos dias são adversários dos investimentos e da boa gestão, que se retroalimentam.
A politização do revés no embate com as elétricas estaduais deu o tom de populismo Kirchneriano que faltava para consolidar entre os empreendedores a leitura que já fazem de um governo contra o lucro - mola mestra dos negócios.

JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo

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