Há mais de um ano, em 24 de julho de 2011, lia reportagem na Folha de São Paulo e sentia pena de nós brasileiros. O que se via acontecer na Grécia e Irlanda chocava-me profundamente e de forma contraditória. Hoje, penaliza-me toda a Europa, exceto a Alemanha que está praticando juros negativos e lucrando bilhões de Euros sobre o sofrimento dos europeus, especialmente, dos trabalhadores que veem seu poder aquisitivo e seus direitos sociais sobre o trabalho serem usados para engodar os credores de cada país do Velho Continente.
Penso no Brasil. Há duas décadas isto vem acontecendo aqui. Ao analisarmos os índices brasileiros sobre pobreza, violência, fome, desemprego, concentração de renda e patrimônio neste período, todos eles são piores do que os da chamada “década perdida” ou “década da redemocratização”, quando com muita ênfase 1980 consistiu na mais objetiva década da transição para o momento da cultura do medo que nos toma nos dias de hoje.
No âmbito das mudanças das instituições republicanas o marco é a participação de Fernando Henrique Cardoso no Governo de Itamar Franco no Itamarati e em seguida como Ministro da Fazenda e sua assunção com presidente da República do Brasil. Mas, tudo aconteceu gradualmente durante mais de duas décadas e não em três anos. Internalizamos esta cultura do medo que se tornou a parte mórbida – quase o todo – de nossa sociabilidade. A Europa é aqui antes mesmo de ser lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Lembre-se que nada do que está nesse blog deve ser levado a sério.