Neil & Bono
Neil
McCormick, 51, é um jornalista musical respeitado, crítico chefe de rock do
jornal inglês "Daily Telegraph". É figura fácil na BBC e foi editor
da "Q", uma das maiores revistas de música do planeta.
Mas ele queria ter sido muito mais. McCormick queria ter sido
Bono, líder do U2, como faz questão de lembrar no divertido livro "Morte a
Bono", que será lançado no Brasil no início de 2013 (EDITORA Martins Fontes).
Não é apenas um desejo. Ele e o irmão mais novo, Ivan, estudaram com
os integrantes da banda no colégio Mount Temple, em Dublin.
Ivan, inclusive, fez parte da formação inicial do U2 -antes mesmo
de ter esse nome. Neil, querendo fazer sucesso por conta própria, resgatou o
irmão e criou com ele várias bandas que nunca vingaram.
"Eu e Bono começamos juntos com os mesmo sonhos
roqueiros", recorda o jornalista. "Mas ele foi parar no topo da
música, enquanto eu afundei sem perdão."
McCormick não guarda mágoas ou se arrepende de ter convencido o
irmão a deixar o U2 nos anos 1970.
"Eu não me culpo. Chegamos perto do sucesso e falhamos
juntos", ressalta Neil.
"Ivan tem muito orgulho de falar que fez parte do U2, mas não
se ilude com o fato. Ele tinha 13 anos quando deixou a banda e, naquela época,
era um bando de moleques tocando versões horríveis de Deep Purple e Rory
Gallagher."
Uma coisa, pelo menos, McCormick conseguiu preservar: a amizade do
líder do U2. Apesar do título polêmico "Morte a Bono", os dois se
falam até hoje e o escritor sempre é convidado para assitir aos shows do grupo.
"Bono que deu a ideia do nome do livro. Ele estava me
contando que iria cantar com Frank Sinatra e compor uma música para 007. Eu
disse que ele estava vivendo minha vida", lembra.
"Bono falou: 'Se você quiser sua vida de volta vai ter de me
matar'."
De certa maneira, o irlandês famoso estava certo. "Morte a
Bono" foi um sucesso de vendas e virou filme (inédito no Brasil), ano
passado, com Ben Barnes ("Crônicas de Nárnia") no papel de Neil.
"O filme é bem engraçado, mas não substitui minha vida ou minhas
memórias", afirma o jornalista. "Quando vi pela primeira vez, quis
sair rastejando do cinema de vergonha. Pelo menos, eu virei um idiota bonitão
na tela."
(Rodrigo Salem - Folha de São Paulo 16/12/2012)
Existe felicidade? É necessário ser feliz? Se for, ela não seria uma jaula do humano? Não gosto de finais felizes. João dos Reis.
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