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30/11/2012
29/11/2012
Lulismo, Cordialidade e Servidão
O
recente estágio de hegemonia política ou Hegemonia
às Avessas segundo Francisco de Oliveira no Brasil tem suas bases numa
equação complexa para André Singer (Os
sentidos do Lulismo). Possibilitar a uma “sobrepopulação superempobrecida”
ascensão social e encontrar apoio no governo para manter-se por meio de forma
que consiste na política do foquismo; e não atentar contra a ordem, segundo
André Singer. Esta “política de massa” (Marx) ou “revolução passiva”, segundo o
autor, teria produzido um realinhamento da sociedade de longo prazo em favor do
PT e, em seguida personalizara-se na figura do ex-presidente Lula. Disto não
teria decorrido uma despolarização, mas uma repolarização.
Antes
havia uma polarização política PT e PSDB, neste estágio, haveria uma
polarização social (pobres e ricos) ainda colocando em confronto PT e PSDB.
Mas, agora, um confronto de natureza social e não política. Faltava emplacar o lulismo em São Paulo; depois de Hadad,
Lula parece disposto a governar São Paulo. Este fato daria ao lulismo uma grande vitória: a
presidência da República, o governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura da
Cidade de São Paulo. Muitos anos desta mesma cultura política pela frente.
Duas
consequências são muito nefastas para o país, o autor não toca nesta questão. O
não tentar contra ordem, leia-se não atentar contra o modelo de crescimento
econômico adotado durante os mandatos de FHC, não vai de encontro à velha elite
do país. Segundo Singer isto seria um pequeno avanço político no capitalismo
brasileiro. Tese da qual me aproximo para indagar por que não buscou reformas
que melhorasse a distribuição de renda e patrimônio? Uma boa hipótese consiste
na famosa cultura do atraso.
Produz-se o atraso com aparência de política de massas ou revolução passiva,
dando traços progressistas ao lulismo,
quando, de fato, suas políticas produzem o atraso da “sobrepopulação
superempobrecida”, que, agora, é socialmente incluída, porém não altera a
estrutura social do país: a mesma há séculos. Este estágio histórico do Brasil
afeta diretamente a educação e a formação humana do povo brasileiro. De Cordial tornou-se servil.
João
dos Reis Silva Júnior - GEPEFH
Caspar Friedrich
As pinturas do alemão Caspar Friedrich (1774-1840) representam paisagens naturais tão fascinantes e assustadoras que ali se revelam as perturbações e sensações humanas. Um convite a sentir primeiro e pensar depois.
"Monge Diante do Mar"
"O Caçador na Floresta"
Os sentimentos humanos são maiores do que um corpo poderia suportar. Talvez por isso o artista tenha tido o cuidado de não incorporar seus homens e mulheres na obra, mas de colocá-los apenas como observadores dela.
"Casal Contemplando a Lua"
28/11/2012
27/11/2012
Brasil terá pior taxa de crescimento dos Brics em 2012, segundo OCDE
Dados revelados hoje pela OCDE apontam que a economia brasileira terminará 2012 com um crescimento de apenas 1,5%, abaixo da previsão do governo de uma expansão de 2%, inferior à média mundial e bem inferior aos demais países emergentes dos Brics.
Segundo as projeções, a economia mundial terá uma recuperação desigual nos próximos anos, com uma expansão em 2012 de apenas 2,9%. Mesmo assim, ela é quase duas vezes maior que a taxa registrada pelo Brasil no ano.
No caso dos emergentes, a desaceleração também é sentida. Mas as taxas são superiores às registradas no Brasil. Na China, o crescimento do PIB será de 7,5%, contra 4,4% na Índia e 3,4% na Rússia. No caso da África do Sul, a expansão será de 2,6%.
Mesmo a economia americana terá um ano mais positivo que o Brasil, com um crescimento de 2%.
Na avaliação da OCDE, a recente onda de elevação de tarifas de importação poderá proteger de certa forma a indústria nacional, principalmente as menos competitivas. Mas a entidade alerta que, no médio prazo, essas barreiras ameaçam frustrar a competitividade do País e agravar problemas em determinados setores.
O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/11/2012
Parece que virou marca registrada da administração petista, baixa taxa de crescimento da economia e corrupção em todos os níveis.
Palavras certas por uma boca torta
Oscar Wilde teria dito certa vez que “nunca devemos lamentar que um poeta seja um bêbado, devemos lamentar
que nem todos os bêbados sejam poetas.” Usando como muleta esta afirmação
cheia de credibilidade, adianto que surpresas às vezes me deixam irritado. Seja
por esperar a entrega do “presente” ou por serem verdadeiramente desagradáveis,
algumas delas não servem para nada. O problema é que devo admitir que outro dia
um bêbado me trouxe uma incidental reflexão sobre a validade das homenagens
póstumas que foi bem instigante e me fez pensar se não deveríamos colocar mais
vezes nossas cabeças para fora do pântano de obrigações e compromissos destes
malditos dias corridos. Odeio correria bem mais que surpresas e é por isso que
sugiro uma leitura paciente - da mesma forma que pedi a alguns amigos aos quais
contei o caso - e antes de dizer que fiquei maluco de vez ou que esta é mais
uma “liçãozinha” de moral barata lembre-se do que disse o criador de Dorian
Gray.
O embriagado maltrapilho em
questão, que nunca mais vi e espero mesmo não ver, era um rapaz de uns vinte e
poucos anos, ou melhor, vinte e dois anos (era seu aniversário e ele fez
questão de mencionar várias vezes), com um físico magricela de fazer inveja a
um canário belga, usando roupas que pela aparência suja e pelo cheiro pareciam
vestir aquele corpo há uns bons três dias, no mínimo. O rapaz ainda por cima
estava, claro, com um bafo tremendo, que afastava, aposto, até moscas daquela
sua boca torta. Este pequeno notável, candidato ao esquecimento, parou em
frente a mesa no bar em que eu e minha esposa estávamos e, depois de muito
importunar e cuspir em nossa direção, ajudado pela paciência que um bom sexo
mais cedo havia me dado, conseguiu “discursar” - esse era o tom - seu
testemunho de tristeza, potencializada pelo álcool, mas ainda assim uma
tristeza que pareceu ser bem sincera, algo além de uma simples lamentação
etílica corriqueira. Uma história barata, mas não uma “liçãozinha” de moral.
Sérgio, vou chamá-lo assim,
entre soluços e distrações com tudo e todos que passavam, contou que falecera
um amigo seu, tinha ido ao velório horas antes. Um amigo de “cachaça e maconha
somente, cerveja não”. Descreveu com lágrimas nos olhos a dor que sentia em seu
coração pela perda, dizendo isso entre um gole e outro do copo de cerveja que o
gaiato tratou de me pedir e ganhar. Era um amigo de infância que acabara de ser
sepultado e aquela bebedeira seria para afogar as mágoas. Fingindo acreditar
nesta última afirmativa dei a ele um cigarro e toda “corda” que ele desejava,
fazendo com que continuasse seu relato, com a lamúria que ainda a esta altura
parecia verdadeira. A história era entrecortada por assuntos atrevidos que
teimavam em vir à sua cabeça desorientada mas ia ficando cada vez mais
interessante ver onde ia parar aquela filosofia contemporânea de boteco. Eu, já
bastante irritado, cheguei a quase desistir de ouvir de tanto que o mequetrefe
desviava a conversa mas resisti por estar interessado e ter percebido também
certa curiosidade em minha esposa, que a esta altura já havia controlado o medo
que têm de bêbados da rua.
Fazendo com que eu praticasse
ágeis esquivas da saliva - isso devia ser esporte olímpico - que ele deixava
escapar a cada palavra proferida, Sérgio enfim me fez entrar na conversa ao
constatar um paradoxo que o revoltava:
- Quando tu morrer - disse
ele - vem um e põe lá uma flor… por quê não dão uma flor pra gente agora que a
gente tá vivo? Ninguém dá.
- E sua namorada Sérgio, nunca te deu flores? Perguntei apenas para mantê-lo focado (mais um esporte olímpico?) na conversa.
- Que nada amigo, ela me dá é surra se eu chegar em casa muito bêbado.
- Então vai preparando o lombo pois hoje vai ter - completei.
- Vai, vai… e vai ser muita surra… - completou ele emendando uma gargalhada.
- E sua namorada Sérgio, nunca te deu flores? Perguntei apenas para mantê-lo focado (mais um esporte olímpico?) na conversa.
- Que nada amigo, ela me dá é surra se eu chegar em casa muito bêbado.
- Então vai preparando o lombo pois hoje vai ter - completei.
- Vai, vai… e vai ser muita surra… - completou ele emendando uma gargalhada.
Cambaleando e soluçando,
deixou sair de sua boca torta palavras mais certas e sensatas que qualquer uma
dos jornais ou revistas que eu tenha lido nestes últimos tempos. O que Sérgio
dissera não era uma verdade absoluta, nem o modo de pensar de quase ninguém que
não fosse meio maluco de nascença; era seu pensamento, sua revolta e amargura
somente, encerrava-se ali. Uma visão de mundo compartilhada sem querer, num
momento inesperado mas que me fez (talvez movido também pelo álcool e/ou pelo
sexo de mais cedo) refletir por algum tempo e tivesse aquilo não como lição de
vida, mas como uma anotação valorosa de canto de página no caderno da
faculdade. Vindo de quem vinha parecia um conto sem sentido, não era. Fez tanto
sentido que dissipou minha descrença inicial e me deixou em concordância com
sua observação.
Seguiu contando que queria
deixar a cidade pois ela estava amaldiçoada por um padre e nenhum negócio daria
certo ali. Seus devaneios etílicos, agora puros e tradicionais foram mais longe,
já enveredando por caminhos que não valem a pena mencionar. O que “martelou”
minha mente naquela noite foi a bela (?), triste e despercebida reflexão sobre
a crueldade do mundo. Uma dura e perpétua realidade que nunca deixa de açoitar
os menos favorecidos mas que felizmente também atinge de raspão os ricos,
famosos e poderosos. Todos recebem homenagens póstumas que deveriam ter sido
prestadas em vida mas não foram. Até artistas são assim, músicos vendem
horrores quando morrem e poetas deixam este mundo na solidão e na miséria, para
ficarem famosos depois de mortos.
Uma demonstração de afeto
parece tão complicada se observarmos a frequência que ocorrem. Marmanjos choram
por um título perdido por seu time do coração mas são incapazes de chorar pelo
amor de suas vidas. Este peculiar episódio me fez pensar em quão tardias são as
homenagens e glórias neste mundo insano. Nos dão medalhas que não encontram
mais peitos para exibi-las ao invés de uma palavra que nos ensine a superar
todo este caos que nos cerca, nos dão lágrimas inúteis que já não podemos
enxugar ao invés de dizerem o quanto somos importantes em vida. Nestes casos
prefiro concluir que o que nos dão é tão inútil quanto o ouro que os faraós
“levavam” consigo para suas tumbas. Se não podem nos oferecer sentimentos
verdadeiros e importantes então que nos ensinem a ficar tranquilos no trânsito
das capitais, ou mostrem como se vota ou… (chega, mais fácil pedir sentimentos
verdadeiros). É bem possível que eu estivesse mais bêbado que o rapaz da boca
torta naquele dia e que ficar com a cabeça submersa no lamaçal seja uma boa
pedida. Fica a dúvida, fica no mínimo o mote para uma próxima reflexão de
alguém debaixo do chuveiro; antes ou depois da maldita correria.
Sandro Marcos - Viciado em atenção e notívago inveterado.
26/11/2012
25/11/2012
Hallelujah
A palavra Aleluia vem do hebraico "Louvai a Yaweh" ("Louvem!", " Adorem!" ou "Elogio"; a segunda parte da palavra é Yah, Javé - uma
forma abreviada do nome de Deus). Portanto, Aleluia significa "Louvem a Deus",
ou "Adorem Deus”, ou "Elogio a Deus".
Existe outra teoria que defende que Aleluia não tem nenhum
significado especial e que seria a transliteração do ulular como exultação de
alegria próprio do povo de Israel. Uma vez que ainda hoje se pode encontrar
entre as tribos semitas e africanas o costume de mostrar alegria através do
ulular. Em defesa desta teoria está o fato de o nome de Deus aparecer truncado,
o respeito que os hebreus tinham pelo nome sagrado nunca lhes
permitiria semelhante irreverência.
Esta palavra de provável elogio ou louvor a Deus é utilizada em
cultos e orações da maioria dos cristãos. A forma latina Aleluia é usada em
muitos idiomas tanto por protestantes como por católicos em preferência à forma
Hallelujah.
A palavra ainda é usada no Judaísmo como parte das orações de
Hallel e aparece 24 vezes no Velho Testamento da Bíblia cristã e quatro vezes
no Novo Testamento, no livro do Apocalipse de São João.
BACH
Independentemente de sua origem etimológica, belíssimas peças
musicais foram escritas pelos maiores gênios da música como partes de missas e
ritos religiosos.
HAENDEL
VIVALDI
Haendel possui talvez a mais popular das Aleluias e Mozart,
Vivaldi e Bach as obras mais ricas musicalmente, cada uma em seu estilo inconfundível, mas a Hallelujah de Leonard
Cohen um grande compositor contemporâneo canadense, talvez seja uma das
Aleluias mais intrigantes, uma vez que, ao invés de ser uma música religiosa
como o nome sugere, está repleta de duplos significados e jogos de palavras que
nos remetem à fragilidade humana, às sensações do orgasmo, à falta de paixão e, especialmente, na sua interpretação por Allison Crowe é considerada muito sexual, mesmo assim é usada em ritos religiosos e cantada por
corais de crianças vestidas de anjos em templos de diversas religiões cristãs pelo
Brasil afora (talvez por só entenderem o inglês de churrascaria e não saberem a
que a letra se refere exatamente).
Vale a pena ouvir as obras citadas
entendendo que as composições de Haendel, Bach, Vivaldi e Mozart são peças
religiosas e a de Cohen é uma das peças considerada como das grandes músicas escritas
no século XX, pois traduz a aflição e agonia do homem frente ao mundo em que
vive.
MOZART
Allison Crowe
Leonard Cohen
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24/11/2012
Pablo Picasso
Gjon Mili, nascido em 1904 na
Albânia, chegou aos Estados Unidos em 1923 e foi fotógrafo da revista LIFE, foi
um dos primeiros a utilizar um flash eletrônico e luz estroboscópica na criação
de imagens que iam para além da mera utilidade científica.
Diversas reportagens o levaram a fotografar
inúmeras personalidades, entre elas Pablo Picasso. O resultado de uma das visitas,
em 1949, é a fotografia de Picasso desenhando um Centauro com uma caneta de
luz. Este extraordinário desenho espacial é um momento do brilhantismo de
Picasso quando confrontado com novas formas e técnicas de visualização.
YOSEMITE
Um lugar tão grandioso estimula a comparação entre o nosso tamanho e as obras da natureza. Perto das gigantes edificações rochosas, as árvores de 30 metros parecem ornamentar uma maquete.
Situado na Califórnia - Sierra Nevada - foi fundado oficialmente em 1890. Um vale de grandes cachoeiras, além dos seus rios caudalosos e dos bosques de sequoias gigantes, as maiores do planeta. As dimensões são tão espetaculares, que quem visita o local se sente adentrando uma “terra de gigantes”.
23/11/2012
Óbito do Autor
AO VERME QUE PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES DO MEU CADÁVER DEDICO
COMO SAUDOSA LEMBRANÇA ESTAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Nelson Prudêncio
Aos 68 anos, medalhista olímpico Nelson Prudêncio morre em São Carlos
O medalhista olímpico Nelson Prudêncio morreu nesta sexta-feira, à 0h15, em São Carlos. Aos 68 anos, o ex-atleta sofria de câncer no pulmão e estava em estado de coma induzido na Casa de Saúde, no interior paulista. O velório já está sendo realizado no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo e o sepultamento ocorrerá às 16h30.
Luis Fernando Verissimo está internado em Porto Alegre
Luis Fernando Verissimo, escritor, está internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, desde quarta-feira, 21.
Durante coletiva de imprensa, o superintendente médico da instituição, Nilton Brandão, contou que Verissimo, de 76 anos, entrou no hospital apresentando fadiga, dores musculares e febre. Ele foi avaliado por uma equipe médica, que diagnosticou o caso como grave.
Verissimo foi internado no CTI, onde está sedado, submetido a diálise e respirando por aparelhos. Ele apresentou melhoras nesta quinta-feira, 22, conforme disse o médico, mas o seu estado ainda é considerado grave.
22/11/2012
Blade Runner
Alienação no Cotidiano Fragmentado
Cena de Blade Runner, de Ridley Scott
Cheiro da flor Dama da Noite essência artificial e falsa num fragmento do tempo que corrói o espaço mais recôndito do cérebro humano. Foto em preto e branco de um belo garoto posando com um diploma do quarto ano primário ao lado de um esguio vaso ornamental num cenário fotográfico a lembrar os duros anos sessenta do século XX no Brasil. Uma agenda: brazil poetic portraits. Lápis, Caneta, CD-ROM, Palavras e Sinais; Ceticismo Epistemológico, Ironia Complacente. Telefone, A personel computer. James Joyce. “Ouço a ruína de todo o espaço, de vidro quebrado e de paredes que caem, e o tempo, uma lívida flama final”. Um espaço e um tempo fugidios do domínio da consciência: um escritório ou uma vida na noite erma. 2 horas e 16 minutos do dia 22 de novembro do décimo segundo ano do século XXI. Virtualidade concreta de Blade Runner.
No filme Blade Runner (1982) dirigido por Ridley Scott é imageticamente denso o início da película num cenário futurista da Los Angeles no ano 2019, tendo ao fundo, como uma personagem fundamental, a trilha sonora de Vangelis. Apesar do impacto emocional causado por esse início cinematográfico que arrebata um ser humano sensível, chama a atenção outra personagem igualmente intensa da obra: o modo de vida ali produzido pelo diretor. Há transeuntes aparentemente ausentes do que se passa a sua volta, trajando figurinos ecléticos ou sincréticos, mas que indicam uma unidade de grupos, podendo-se até inferir que são membros de tribos urbanas diferenciadas. Trata-se de uma cidade noturna, preta, repleta de diferentes luzes néons e chuva intensa, induzindo-nos a muitos significados e signos, que nos atrapalham a compreensão da organização urbana e social e os processos de reprodução social naquele momento histórico produzido pela ficção. Ficamos estáticos diante de tanta heterogeneidade, fragmentação e uma beleza artificial perfeita, provavelmente o que nos impede alcançar a compreensão imediata dos fenômenos que vemos, por meio do estabelecimento dos nexos existentes entre eles. Apenas admiramos perplexos a ausência aparente da dimensão humana, e, por conseguinte, da racionalidade dos processos de reprodução social.
Intrigados, passamos a observar o modus vivendi daqueles que ali parecem sobreviver. A construção que fazemos no âmbito de nossa consciência, que já sofreu o impacto do filme, resulta de nossa observação e percepção das cenas. Os nexos estabelecidos por esta via tornam-se construção mecânica limitada pela aparência e pelo imediato, pois, observamos os seres humanos tão somente no que fazem para conseguirem o que desejam para sobreviver naquele contexto, num presente eternizado. A cena é bela e aterradora, pois seres humanos como nós, ignoram os semelhantes à sua volta e parecem adaptados ao ambiente. Em meio à barbárie são individualistas e impassíveis diante do que se lhes apresenta. Procurando encontrar algum sentido no que nos choca e compreender esses seres e suas relações num nível mais profundo, verifica-se que os processos de reprodução social das formas de sobrevivência daqueles seres sociais são permeados quase que exclusivamente pela utilidade comezinha. O critério que orienta e preside suas práticas, no imediato, é a utilidade para sua sobrevivência. Num primeiro momento é difícil apreender o que, de maneira mediada, aspreside. 1982 ou 2012?
João dos Reis Silva Júnior - GEPEFH
....
A droga da obediência
A Ritalina vem sendo usada por professores pesquisadores no mundo todo, mas com destaque para o Brasil desde 2005 para conseguirem cumprir os compromissos impostos pelas agências de avaliação de performance como a Capes. As exigências provêm do tempo da criação da rentabilidade econômica e não do tempo acadêmico de criação. A compressão espaço-tempo na esfera econômica se põe no cérebro humano por meio da bioquímica. http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/a-droga-da-obediencia/
GEPEFH - http://www.joaodosreis.pro.br/
Meio homem, meio criança
Meia Lua Inteira
Grande homem de movimento
Martelo do tribunal
Sumiu na mata adentro
Foi pego sem documento
No terreiro regional
Martelo do tribunal
Sumiu na mata adentro
Foi pego sem documento
No terreiro regional
Não me impede de cantar
Grande homem de movimento
Nunca foi um marginal
Sumiu na praça a tempo
Caminhando contra o vento
Sobre a prata capital
Nunca foi um marginal
Sumiu na praça a tempo
Caminhando contra o vento
Sobre a prata capital
Tô no pé de onde der
Não me impede de cantar
21/11/2012
20/11/2012
O ciclo da vida
As pessoas nascem, crescem, se reproduzem, acordam sem memória embaixo de dois travecos sujos num sobrado da Lapa, envelhecem e morrem. Pra muitos, essa é a sequência da existência. Pra outros, talvez ela seja mais simples e te espere na próxima esquina.
A Europa é aqui
Leio reportagem na Folha de São Paulo sobre a arrastada crise da Europa e sinto pena de nós brasileiros. O que se vê acontecer por lá choca-nos profundamente e é contraditório. Há duas décadas isto vem acontecendo no Brasil.
Ao analisarmos os índices brasileiros sobre pobreza, violência, fome, desemprego, concentração de renda e patrimônio neste período, todos eles são piores do que os da chamada “década perdida” ou “década da redemocratização”, quando com muita ênfase 1980 foi a década da transição para o momento da cultura do medo que nos toma nos dias de hoje. No âmbito das mudanças das instituições republicanas o marco é a participação de Fernando Henrique Cardoso no Governo de Itamar Franco no Itamarati e em seguida como Ministro da Fazenda e sua assunção com presidente da República do Brasil. Mas, tudo aconteceu gradualmente durante mais de duas décadas e não em três anos.
Os governos LULA-Dilma, que contam com apoio político do capital financeiro e do capital industrial no país e alhures, vêm produzindo a cultura do atraso e do medo, que é parte mórbida – quase o todo – de nossa sociabilidade.
A Europa é aqui antes mesmo de ser lá. O mesmo/O outro, parafraseando Borges.
João dos Reis Silva Jr
18 de novembro de 2012
Temperatura na Terra
Um
relatório encomendado pelo Banco Mundial alerta para os efeitos de um
aquecimento de 4°C na temperatura do planeta até o fim do século. Caso sejam
mantidas as emissões nos níveis atuais, ondas de calor, longos períodos de
estiagem, enchentes e outros desastres naturais deixariam de ser eventos
ocasionais.
Segundo
o estudo, o cenário para 2100 projeta um aumento de temperaturas de forma
desigual - em áreas continentais, a temperatura pode subir até 6°C até meados
de 2060. Os picos de calor ocorrerão nos países de maior latitude, mas o maior
aumento de temperatura média será nos trópicos, com 15% a 20% a mais de
elevação no nível do mar do que o restante do planeta. Secas e ciclones também
serão mais frequentes nessas regiões, de acordo com o Instituto Potsdam de
Pesquisa de Impacto do Clima (PIK).
Em
locais como o Mediterrâneo, o norte da África e o Oriente Médio, quase todos os
meses de verão devem ser mais quentes do que as ondas de calor extremo sentidas
hoje. Em julho, a região do Mediterrâneo poderá ter temperaturas 9° C mais
altas que as atuais.
Para o
físico Paulo Artaxo, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), os países mais pobres podem sofrer mais. "Países em
desenvolvimento, como o Brasil, são mais vulneráveis pela falta de estrutura
para lidar com desastres naturais. Além disso, temos áreas em que as
temperaturas já são elevadas."
Os
pesquisadores estimam que desde o período pré-industrial a temperatura já
aumentou em 0,8°C. O estudo, porém, deixa claro que se as medidas de redução de
emissões forem tomadas nos próximos meses ainda é possível manter o aumento em
2°C nos próximos 80 anos. "Seria o cenário mais otimista. Não é a tábua da
salvação, mas poderia evitar desastres maiores", diz Artaxo.
Agricultura.
Estudos da Embrapa Informática, com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais
(INPE), projetam os danos causados por um aquecimento de 2ºC na agricultura do
País.
"Há
soluções de adaptação, como manejo diferenciado, modificações genéticas e
adubagem correta. Culturas como soja, milho, arroz e feijão sofreriam riscos
grandes, enquanto que para cana de açúcar e mandioca haveria aspectos
positivos", diz Eduardo Assad, agroclimatologista da Embrapa. As regiões
Sul e Nordeste seriam as mais atingidas.
BRUNO
DEIRO - O Estado de S.Paulo - 20/11/2012
19/11/2012
Ico
A versão japonesa da capa do jogo "Ico", inspirada no óleo sobre tela "The nostalgia of the infinite" de Giorgio de Chirico.
18/11/2012
17/11/2012
Após condenação, Dirceu repousa
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses de prisão no julgamento do mensalão, passa feriadão em condomínio fechado localizado numa praia de Camaçari, litoral da Bahia.
16/11/2012
Serviço público
Essa boca-de-lobo fica na esquina da São Paulo com a 7 de
Setembro em São Carlos, cidade administrada pelo PT há 12 anos, a prefeitura já
foi chamada 2 vezes para efetuar a limpeza e não apareceu.
Quando chove, a enxurrada promove o caos na vizinhança. O que será que eles esperam, que o cidadão comum pegue a vassoura e faça o serviço que deve ser feito pelo poder público? Passou a eleição a prefeitura não tem mais obrigação nenhuma? É assim que funciona?
Haddad e Maluf na encruzilhada
No
Brasil, o lixo da política normalmente é reciclado pelo esquecimento. Os
prestigiados de hoje eram os poderosos de ontem. E não precisam adaptar nada
para continuar dando as cartas. Basta que acomodem seus interesses ocultos
atrás da boa estampa de um gestor ‘novo’. Fernando
Haddad, por exemplo, empresta sua aparência de garotão ao velho e bom Paulo Maluf.
Pisando nos seus princípios distraído, Haddad negocia a
entrega de uma secretaria da prefeitura petista de São Paulo ao PP de Maluf. De
repente, chega da ilha de Jersey, paraíso fiscal britânico, a notícia de que o
neo-aliado foi condenado a devolver o dinheiro que desviou do
município. Coisa de US$ 22 milhões. Com juros, US$ 32 milhões. Em moeda
nacional: R$ 66,2 milhões.
Supremo paradoxo: enquanto analisa como vai pagar a Maluf
a fatura do apoio emprestado na campanha, Haddad precisa agora planejar a
repatriação do dinheiro desviado por ele e já bloqueado em Jersey. De resto,
tem de programar a estratégia para tirar do aliado um pedaço de patrimônio
suficiente para cobrir os juros da cifra malversada.
O eleitor que assistiu Haddad na propaganda da tevê, com
sua cara limpinha, suas boas intenções e seu verniz da USP estão se perguntando
agora se o que assistiram não era apenas mais um exemplo de professor distraído
sendo explorado pelo esquema de sempre. O ‘novo’ ainda nem tomou posse e já se
consolida a percepção de que esta será uma prefeitura dos espertos. A boa
estampa e o ego de Haddad apenas ajudarão a manter a ilusão de que é ele quem
manda.
Ao posar junto com Haddad naquelas célebres fotos ao lado
de Maluf, Lula imaginou que o benefício compensaria o custo. Pensou que
sucederia o que sempre ocorre no Brasil. Um país onde as contradições e as
calhordices políticas são mais ou menos como os cachorros que correm atrás dos
carros. Perseguem quem as praticou por algum tempo. Passam a impressão de que
vão trucidá-los. Mas logo desistem. Desgraçadamente, a sentença de Jersey
prolongou os latidos.
A um mês e meio da posse, o ‘novo’ de São Paulo já se
revelou uma coisa muito antiga. A condenação de Maluf deu à novidade a
aparência de pão dormido. Considerando-se a plataforma da campanha de Haddad,
pode-se dizer que nunca antes na história desse país alguém iniciou uma
administração tão mal tão bem.
Retrato do ar na Terra
A Nasa divulgou uma imagem de alta definição
que mostra concentrações na atmosfera de poeira (em vermelho), levantada da
superfície pelo vento; de sal marinho (azul), carregado por ciclones; de fumaça
(verde) produzida por incêndios; e de partículas de sulfato (branco), emitidas
por vulcões e combustíveis fósseis.
O primeiro cinema de São Paulo
Há exatos 105 anos, o primeiro cinema
de São Paulo abria suas portas. Com capacidade para 400 espectadores, o Bijou
Theatre ficava na então Rua São João – na década seguinte transformada em
avenida –, na altura de onde hoje se encontra o Edifício Martinelli.
“O endereço já tinha tradição para o entretenimento. Em 1898, ali
funcionava um boliche, que depois virou um teatrinho. Então os exibidores
Francisco Serrador e Antonio Gadotti fizeram o cinema”, explica o historiador
José Inácio de Melo Souza, responsável por uma minuciosa pesquisa de todas as
150 salas que exibiram filmes em São Paulo entre 1895 – quando a novidade
chegou à capital paulista – e 1929 – quando a sétima arte perdeu a mudez. “O
Bijou, então, marca a passagem dos espaços ambulantes de exibição. É o primeiro
local específico e fixo para cinema na cidade.”
A pesquisa de Souza ajuda a entender esse contexto. É possível
dividir os cinemas antigos de São Paulo em cinco grupos: os ambulantes, os
salões adaptados, os barracões de zinco, os do período de adaptação e as
construções novas. “Serrador já era um veterano exibidor ambulante. Com o
Bijou, transforma cinema em negócio”, afirma Souza. Antes, filmes foram
exibidos em um mesmo endereço por, no máximo, poucos meses.
O ambiente contava com 15
ventiladores e um requintado botequim. A trilha sonora dos filmes era garantida
pelo acompanhamento de um sexteto. “É preciso lembrar que, naquela
época, os filmes eram curtos, de pouco mais de 10 minutos. Em média, uma sessão
mostrava cinco filmes”, contextualiza o historiador. “A maior parte da produção
vinha da Europa – cerca de dois terços do total. O restante era
norte-americana.” A Dama das Camélias, Macbeth, Raio
de Luz Libertador, O Fim do Mundo e Sevilhasão
alguns dos filmes que estrearam na cidade na telona da Rua São João.
15/11/2012
Militância estranha silêncio do PT sobre condenação a Dirceu e inicia movimento
A estratégia é muito ardilosa. Com a Ação Penal 470 espetacularizada pela mídia toda opinião pública assistiu uma aparição no palco em que uma imbricada cena política se desenvolvia. Ao ler jornais, ver televisão, etc tudo fazia crer num fortalecimento da instituições republicanas brasileiras. Epifania. A verdade ainda obscura e não desvelada parece ser outra. A Elite de sempre parece novamente usar as instituições em virtude de sua histórica paranoia de ver alguma aproximação do povo no poder. Ainda que seja o fisiológico PT. Agora, a bola da vez, a bola seis, José Dirceu é defendido. Somente agora. Sua defesa parece-me mais um ataque a um ser humano que não me merece elogio algum; o senhor Luís Ignácio Lula da Silva. Ex-presidente do Brasil. A UDN travestida de vários partidos volta a conspirar e agir, mostrando quão frágeis são as instituições republicanas do Brasil. Ao lado deste movimento e aportado nele o judiciário continua sua caminhada em direção ao bola sete. Este Senhor do nordeste do país.
14/11/2012
Musa
Engana-se quem acha que um artista precisa de uma única e exclusiva musa para inspirar sua criação. O pintor espanhol Pablo Picasso teve a vida permeada por diversas musas - há mesmo quem diga que seu trabalho pode ser dividido em fases de acordo com a inspiradora do momento. Fernande, Eva, Olga, Marie-Thérèse, Dora, Françoise e Jacqueline foram as sete musas (ou as principais) com as quais Picasso se relacionou.
Segundo Dominique Dupuis-Labbé, curadora do Museu Picasso em Paris, Fernande Olivier, a primeira, “mesmo sem influenciar diretamente a obra do artista, foi quem lhe proporcionou a estabilidade para fazer a transição entre a chamada fase azul (1901-1904), caracterizada pela tristeza, miséria e morte, e a fase rosa, mais lúdica e alegre, repleta de figuras circenses”. Eva, o grande amor; Olga, a ciumenta; Marie-Thérèse, a amante; Dora, a politizada; Françoise, a esquizofrênica; e por fim Jacqueline, aquela que foi sua musa nos últimos anos, retratada em diversos trabalhos e que, dizem, mantinha uma veneração quase doentia pelo artista, o que a levou em 1986 ao suicídio.
A história da relação de Picasso com suas musas mostra como a adoração que ele lhes dedicava era recíproca. Relacionamentos complexos para um gênio também complexo.
Segundo Dominique Dupuis-Labbé, curadora do Museu Picasso em Paris, Fernande Olivier, a primeira, “mesmo sem influenciar diretamente a obra do artista, foi quem lhe proporcionou a estabilidade para fazer a transição entre a chamada fase azul (1901-1904), caracterizada pela tristeza, miséria e morte, e a fase rosa, mais lúdica e alegre, repleta de figuras circenses”. Eva, o grande amor; Olga, a ciumenta; Marie-Thérèse, a amante; Dora, a politizada; Françoise, a esquizofrênica; e por fim Jacqueline, aquela que foi sua musa nos últimos anos, retratada em diversos trabalhos e que, dizem, mantinha uma veneração quase doentia pelo artista, o que a levou em 1986 ao suicídio.
A história da relação de Picasso com suas musas mostra como a adoração que ele lhes dedicava era recíproca. Relacionamentos complexos para um gênio também complexo.
O tempo
"Se o tempo fosse o melhor remédio para todos os males, as farmácias só venderiam relógios."
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