12/11/2012

A sociedade está saturada


Sociedade está saturada, analisa sociólogo francês Michel Maffesoli
A sociedade atual está saturada, o que significa que está em processo de desestruturação e de reestruturação. Ao mesmo tempo, todo o pensamento sobre o social e o cultural está saturado, até mesmo no sentido vulgar da palavra, com velhas fórmulas e ideias feitas.
Essa avaliação é feita pelo sociólogo francês Michel Maffesoli no livro ´Saturação`. Ele é considerado um dos fundadores da sociologia do cotidiano e conhecido por suas análises sobre a pós-modernidade, o imaginário e, sobretudo, pela popularização do conceito de tribo urbana.
Na obra, o intelectual descreve como o novo formato da sociedade moderna está possibilitando às pessoas um outro relacionamento com a vida e o mundo, considerado mais estimulante e mais apto a fazer da existência uma obra de arte.
O autor denuncia os conformismos do pensamento sociológico, das fórmulas politicamente corretas que repetem como papagaios opiniões velhas de 200 anos ou mais, observa o escritor Teixeira Coelho em texto de apresentação do livro.
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Não é necessário ser fanático por essas novas tecnologias interativas para compreender a importância daquilo que se combinou chamar, justamente, de "sites comunitários". Myspace e Facebook permitem aos internautas tecer vínculos, trocar ideias e sentimentos, paixões, emoções e fantasias. Da mesma forma, o YouTube favorece a circulação da música e de outras criações artísticas. E, bem recentemente, o Lively tenta "agrupar a vida on-line" de seus usuários.
A expressão-chave que se declina a mais não poder é a de "vida comunitária". E é nisso que se vê que o medo do comunitarismo é bem o fantasma de outra época e está totalmente defasado em relação ao mundo real daqueles que formam a sociedade já, hoje, e com certeza amanhã.
De fato, graças à Internet, instala-se uma nova ordem de comunicação. Que favorece os encontros, o fenômeno dos flashmobs são testemunhas disso; em que, em relação a coisas fúteis, sérias ou políticas, mobilizações formam-se e se desfazem no espaço urbano e virtual. O mesmo acontece com o streetbooming, que permite que, nas grandes megalópoles contemporâneas, nessas selvas de concreto que favorecem o isolamento, ao se conectar à Internet as pessoas se encontrem, conversem, conheçam-se, criando assim uma nova maneira de estar junto, fundada na experiência comum da criatividade.
Tais redes sociais on-line, bem como os fenômenos de encontros que elas induzem, deveriam chamar nossa atenção para uma socialidade específica onde o prazer lúdico substitui a mera funcionalidade. Aliás, é interessante notar que cada vez mais se utiliza o termo "iniciados" para caracterizar os protagonistas desses sites de encontros.
Iniciação a novas formas de generosidade, solidariedades com letra minúscula que não têm mais nada que ver com o Estado providencial e sua visão dominante. Se, como indica Hélène Strohl, "O Estado social não funciona mais" (Albin Michel, 2008), é porque é na base, no quadro comunitário e graças às técnicas interativas, que se difunde a solidariedade sob todas as formas. Curioso retorno a uma ordem simbólica que se pensava superada.
A FOLHA DE SÃO PAULO - 16/04/2011

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