Um
relatório encomendado pelo Banco Mundial alerta para os efeitos de um
aquecimento de 4°C na temperatura do planeta até o fim do século. Caso sejam
mantidas as emissões nos níveis atuais, ondas de calor, longos períodos de
estiagem, enchentes e outros desastres naturais deixariam de ser eventos
ocasionais.
Segundo
o estudo, o cenário para 2100 projeta um aumento de temperaturas de forma
desigual - em áreas continentais, a temperatura pode subir até 6°C até meados
de 2060. Os picos de calor ocorrerão nos países de maior latitude, mas o maior
aumento de temperatura média será nos trópicos, com 15% a 20% a mais de
elevação no nível do mar do que o restante do planeta. Secas e ciclones também
serão mais frequentes nessas regiões, de acordo com o Instituto Potsdam de
Pesquisa de Impacto do Clima (PIK).
Em
locais como o Mediterrâneo, o norte da África e o Oriente Médio, quase todos os
meses de verão devem ser mais quentes do que as ondas de calor extremo sentidas
hoje. Em julho, a região do Mediterrâneo poderá ter temperaturas 9° C mais
altas que as atuais.
Para o
físico Paulo Artaxo, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), os países mais pobres podem sofrer mais. "Países em
desenvolvimento, como o Brasil, são mais vulneráveis pela falta de estrutura
para lidar com desastres naturais. Além disso, temos áreas em que as
temperaturas já são elevadas."
Os
pesquisadores estimam que desde o período pré-industrial a temperatura já
aumentou em 0,8°C. O estudo, porém, deixa claro que se as medidas de redução de
emissões forem tomadas nos próximos meses ainda é possível manter o aumento em
2°C nos próximos 80 anos. "Seria o cenário mais otimista. Não é a tábua da
salvação, mas poderia evitar desastres maiores", diz Artaxo.
Agricultura.
Estudos da Embrapa Informática, com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais
(INPE), projetam os danos causados por um aquecimento de 2ºC na agricultura do
País.
"Há
soluções de adaptação, como manejo diferenciado, modificações genéticas e
adubagem correta. Culturas como soja, milho, arroz e feijão sofreriam riscos
grandes, enquanto que para cana de açúcar e mandioca haveria aspectos
positivos", diz Eduardo Assad, agroclimatologista da Embrapa. As regiões
Sul e Nordeste seriam as mais atingidas.
BRUNO
DEIRO - O Estado de S.Paulo - 20/11/2012
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