Há exatos 105 anos, o primeiro cinema
de São Paulo abria suas portas. Com capacidade para 400 espectadores, o Bijou
Theatre ficava na então Rua São João – na década seguinte transformada em
avenida –, na altura de onde hoje se encontra o Edifício Martinelli.
“O endereço já tinha tradição para o entretenimento. Em 1898, ali
funcionava um boliche, que depois virou um teatrinho. Então os exibidores
Francisco Serrador e Antonio Gadotti fizeram o cinema”, explica o historiador
José Inácio de Melo Souza, responsável por uma minuciosa pesquisa de todas as
150 salas que exibiram filmes em São Paulo entre 1895 – quando a novidade
chegou à capital paulista – e 1929 – quando a sétima arte perdeu a mudez. “O
Bijou, então, marca a passagem dos espaços ambulantes de exibição. É o primeiro
local específico e fixo para cinema na cidade.”
A pesquisa de Souza ajuda a entender esse contexto. É possível
dividir os cinemas antigos de São Paulo em cinco grupos: os ambulantes, os
salões adaptados, os barracões de zinco, os do período de adaptação e as
construções novas. “Serrador já era um veterano exibidor ambulante. Com o
Bijou, transforma cinema em negócio”, afirma Souza. Antes, filmes foram
exibidos em um mesmo endereço por, no máximo, poucos meses.
O ambiente contava com 15
ventiladores e um requintado botequim. A trilha sonora dos filmes era garantida
pelo acompanhamento de um sexteto. “É preciso lembrar que, naquela
época, os filmes eram curtos, de pouco mais de 10 minutos. Em média, uma sessão
mostrava cinco filmes”, contextualiza o historiador. “A maior parte da produção
vinha da Europa – cerca de dois terços do total. O restante era
norte-americana.” A Dama das Camélias, Macbeth, Raio
de Luz Libertador, O Fim do Mundo e Sevilhasão
alguns dos filmes que estrearam na cidade na telona da Rua São João.
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